Death of Honor
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Conhecimentos Negros - Fiction

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Post  Renato Sun Jul 20, 2008 10:18 pm

Os artefatos recuperados continuam se revelarem...

E Escorpião e Caranguejo parecem ter escolhido caminhos sombrios...


Conhecimentos Negros

Por Rusty Priske
Tradução de Thiago Hayashi

A Grande Muralha do Carpinteiro
A batalha terminou tão logo começara. Os reforços de Leão e Caranguejo atacaram o inimigo com incontestável despreocupação, empolgados pelas novas da queda do Imperador. Hida Tonoji levou seus homens à linha de frente, mergulhando no calor da batalha. Ele rugia em fúria, sua sede de sangue concentrada nos furiosos ataques que derrubava demônios a cada golpe. O exército das Terras Sombrias estava incapaz de conter o ataque da fanática Quarta Legião, e foi logo forçado a recuar para as Terras Sombrias numa completa derrota. A Legião Imperial e seus aliados do Leão retornaram a terras seguras, guardando os defensores do Império.

Os curandeiros do Caranguejo se apressaram para tratar os feridos. Hida Kuon olhou por sobre o restante da expedição que viajou para lá. Eles estavam exaustos, muitos feridos, e sofrendo dos horrores que enfrentaram. Eles tinham perdido amigos e aliados na marcha. Eles falharam em seus deveres. Os samurais não se abalaram diante do desespero que ameaça massacrar seus pensamentos. Kuon conhecia todos esses sentimentos. Ele os conquistou durante do dias depois da queda da Muralha Kaiu. O sentimento era deles para enfrentarem e conquistarem, mas talvez ele pudesse ajuda-los na tentativa.

“O Caranguejo agradece pelo que todos vocês tentaram fazer hoje,” Gritou Kuon, sua voz trovejando pelo pátio. “Vocês serão recompensados por conquistar este feito. Ofereço a todos abrigo e comida por quanto tempo desejarem, e nós os ajudaremos a acharem o caminho de volta para suas casas assim que descansarem.”

Ele se virou da beira da parede e foi embora. Hida Benjiro seguiu ao seu lado e o resto dos conselheiros de Kuon também. Eles podiam sentir a relutância de Kuon em se manter em silêncio, relutantes em serem os primeiros a conhecerem os pensamentos furiosos e tempestuosos de seu senhor. Eles continuaram por dúzias de Caranguejos de pé na muralha, todos concentrados no horizonte ao sul. Finalmente, eles chegaram às escadas que levavam ao resto do castelo. Kuon parou. Ele se virou para seus homens.

“Certifiquem-se de que todos estão sendo atendidos e tratados,” ordenou Kuon. “Providenciem quartos para eles. Enviem os Caçadores de Bruxas para procurarem sinais da Mácula e para isolarem qualquer um que demonstre sintomas, ou que proteste ao tratamento.” Ele olhou para Benjiro. “Certifique-se que os Escorpiões sejam revistados e desarmados. Não abrigarei meus inimigos em minha casa.”

Benjiro concordou. “Será feito,” ele disse.

“Quando acabar, venha à minha câmara de audiências. Descobriremos se este objeto valeu a morte de um Imperador.” Kuon disse olhando intensamente para o pacote em suas mãos. Benjiro se virou e rapidamente desceu as escadas. O Campeão continuou desse jeito, refletindo sobre os eventos recentes que alcançavam seus destinos.

Com um gesto, ele dispensou suas companhias e entrou na sala. Ele olhou o cômodo vazio. Sem cerimônias ele se dirigiu a um grande papiro que estava num pedestal de pedra. Ele levantou a pena e escreveu o nome do Imperador, juntamente com incontáveis outros de diferentes clãs e famílias. Esse era o lugar onde o Caranguejo gravava os nomes dos estrangeiros que pereciam nas Terras Sombrias ou nas províncias do Caranguejo.

“Três Imperadores pereceram em minha vida,” disse Kuon às paredes. “todos lutando contra nosso eterno inimigo, as Terras Sombrias. Eu falhei em protegê-los.” Ele golpeou seu punho contra o pedestal de pedra violentamente, então fechou seus olhos e moveu sua cabeça. Depois de um momento de introspecção, ele abriu o pacote em mãos.

Dentro do pacote estava um livro, um objeto gaijin que se tornou popular entre certos segmentos de estudiosos devido à sua maior capacidade de retenção de informação permanecendo pequeno o bastante para ser transportado. Este, porém, tinha um símbolo de uma aranha, com símbolos menores, criando um estranho, complicado padrão que parecia se estender à página. Se ele tirasse os olhos dele, parecia ter visto ele se mover levemente. Quando olhava de volta, eles obviamente estavam onde sempre estiveram.

O livro o enchia com uma sensação de desconforto, mas se achou estranhamente tentado a abri-lo e explorar seus conteúdos. Sua mão deslizou sobre a capa, mas seus instintos gritantes fizeram-no retroceder como que se queimasse. Kuon se virou e olhou na direção das Terras Sombrias. Aquela terra maldita nunca pararia de assombrá-lo com seus mil males. Ele olhou de volta para o pedestal e estava alarmado em ver que o livro colocou novamente sua mão para abri-lo. Ele se assustou e caminhou para trás, olhando para o livro como se imaginando que se queimaria de novo.

A porta abriu por trás dele. “Benjiro está cumprindo suas ordens, Kuon-sama, mas me pediu para enviar-lhe a notícia de que o destacamento Escorpião não está em lugar algum. Eles devem ter se esgueirado durante o caos,” reportou Yasuki Jinn-Kuen.

“Típico,” respondeu Kuon de maneira ausente, nunca tirando seus olhos do livro.

Jinn-Kuen concordou. “Eles sempre somem nas sombras. Ninguém dá falta deles até que já tenham sumido.” Ele apontou para as mãos de Kuon. “Este é o item da Tumba? Você descobriu algo?”

“Tansho está aqui?” perguntou Kuon secamente.

“Kuni Tansho?” Jinn-Kuen parecia surpreso. “Meu senhor, estive fora por dias. Não tenho idéia.”

“Claro,” disse Kuon. “Ela partiu ontem, engano meu.” Ele arrastou seu olhar do livro com esforço e fixou-o sobre Benjiro. “Ache Presságio.”

Jinn-Kuen olhou para ele incredulamente. “Como eu posso achar um Oráculo?”

“Apenas se vire.”

Ambos se viraram para ver a forma de Presságio na soleira da porta. Como sempre, o homem radiava uma anormal aura que normalmente incomodava os outros, indubitavelmente um resultado de sua ligação com o Dragão de Jade. Nesse caso, porém, Kuon estava aliviado, a presença de um Oráculo parecia afugentar a sombra de sua mente. “Como sabe?” ele perguntou.

“O senti no momento em que deixou a Tumba,” disse Presságio, seu olhar fixo no livro.

Kuon olhou de volta para ele. “O que é, Presságio-sama?”

“Conhecimento,” respondeu Presságio. “A arma mais perigosa de todas.”
[b]
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Post  Renato Sun Jul 20, 2008 10:19 pm

Kyuden Bayushi
No começo de seu mandato, cada Campeão do Clã Escorpião escolhia sua própria câmara para atender visitantes que queriam uma audiência privada. Antes de sua ascensão, Bayushi Paneki desenvolveu uma reputação em alguns lugares como assassino impiedoso e sua câmara de audiências era especialmente desenhada para mostrar sua infâmia. Paneki se sentou no meio da sala atrás de uma baixa mesa abarrotada de manuscritos e selos. A única fonte de luz era uma simples lanterna no canto da mesa. Os cantos da sala estavam cobertos de escuridão. Uma pessoa poderia muito bem ficar no canto e estar completamente escondida da visão. Paneki gostava de usar todo recurso disponível para ajudar em suas negociações.

A porta se abriu com um pequeno suspiro. “Hira, da família Iuchi,” disse um servo oculto, e o visitante entrou. Ele era um homem jovem com longos cabelos negros que fluíam atrás dele. Todo movimento seu estava carregado com um vigor pouco contido. Ele pareceu não afetado pela decoração da sala e ao invés disso sorriu com alegria quando viu o Campeão. Paneki sorriu e empurrou o manuscrito diante dele para o lado. Ele se curvou polidamente ao embaixador do Unicórnio.

“Hira-san, é um prazer revê-lo. Faz muito tempo,” disse Paneki.

“Uma vida inteira, Paneki-sama,ainda que tenha deixado uma impressão difícil de se lidar. Parece que foi ontem que você chegou em Shiro Iuchi à frente de um exército para nos libertar,” Respondeu Hira. Ele se curvou profundamente numa demonstração genuína de respeito. “Meu pai manda seus melhores votos suas mais profundas lamentações por não poder vir nesta jornada.”

“Me arrependo de ter pouco tempo para visitar velhos amigos. Não tenho tido um jogo decente de shogi desde que seu pai me derrotou da última vez que estive em sua casa.”

“Ele conta a história toda vez que o vejo,” disse Hira sorrindo. Ele se curvou e permaneceu prostrado enquanto colocava um manuscrito selado diante do Campeão Escorpião. “Vim trazendo um presente, Paneki-sama.”

Paneki mexeu sua cabeça e empurrou o manuscrito de volta a Hira. “Faz muito tempo, meu amigo, e sua presença já é presente o suficiente.”

“Você me superestima, meu senhor, mas não seria apropriado para uma pessoa de minha estação chegar sem nada em mãos na presença de um Campeão.”

“Besteira. Que uso tem o protocolo entre velhos amigos?”

“Tudo, Paneki-sama,” respondeu Hira. “Se não seguíssemos as regras determinadas pela sociedade, somos pouco mais que rudes feras.”

“Então, velho amigo, aceitarei seu presente no espírito pelo qual me ofereceu. Obrigado.” Paneki curvou-se levemente ao seu visitante e tomou o manuscrito. Hira sorriu abertamente. Ele olhava intencionalmente à face de Paneki enquanto este abria o rolo. Todo rubor desapareceu da face de Paneki enquanto lia as palavras.

Finalmente, Paneki olhou para cima e Hira gelou. Seus olhos acharam os de Hira e o Unicórnio sentiu o medo percorrer-lhe. Os olhos de Paneki estavam completamente desprovidos de emoção. Hira de repente lembrou-se do tigre que certa vez encontrou enquanto viajou para a Floresta Shinomen. “Um presente de arroz,” disse Paneki placidamente. “Que gentileza a do Khan.”

Hira sorriu fracamente. “Mesmo em terras do Unicórnio, temos ouvido da pouca colheita do Escorpião. Apesar de estar certo de que seu clã não precisa, o Khan achou que o arroz pudesse ser uma demonstração de boa fé entre nossos dois clãs. Eu tive a honra de entregar esta mensagem.”

“Você achou que eu recusaria?” perguntou Paneki calmamente. “É por isso que você o apresentou como se fosse um presente de um velho amigo? Porque o recusaria?”

“Fiz apenas o que me foi ordenado,” disse Hira, seu tom era nervoso. “O Khan indubitavelmente sabe que o Escorpião não desejaria estar em dívida a outro, e apenas garantiu que aceitaria o presente no espírito em que ele foi oferecido.”

“Sem dúvida,” disse Paneki secamente. “Tenho certeza de que o Khan não enviou tamanha recompensa com você hoje.”

“Não,” respondeu Hira. “Ele deve ser entregue no meio da estação do inverno, provavelmente quando suas colheitas tiverem se esgotado. Não que o Escorpião precise de tanta ajuda, certamente,” ele adicionou rapidamente.

“Ouvi dizer que o Khan planeja presente similar ao Dragão,” disse Paneki.

“Não sei nada sobre tais planos,” disse Hira. “Apenas desejei rever um velho amigo, e obedecer às ordens de meu Khan. Não tenho outro objetivo, Paneki-sama.”

“Não insultaria um velho amigo questionando o motivo por trás do presente,” disse Paneki, por fim. “O arroz será bem usado, obrigado.”

Por acordo mútuo, os dois samurais mudaram o assunto e falaram de assuntos menos intensos. Hira logo pediu desculpas e deixou a presença do Campeão. Enquanto caminhava de volta à sala, Hira pensava se seguir as ordens do Khan tinha permanentemente destruído uma velha amizade.

Uma hora depois a porta se abriu novamente, e um servo anunciou a chegada da daimyo da família Soshi. Ela entrou pela abertura e se curvou polidamente, cada movimento seu uma enciclopédia de elegância. “Meu senhor,” ela disse suavemente, e se apressou para junto de seu Campeão.

“Yukimi-chan,” disse Paneki. Seu pincel corria o espaço enquanto continuava seu trabalho. “Que agradável surpresa. Yogo Koji não estará aqui por outro dia.”

A shugenja pausou num contrapé. A verdadeira daimyo da família Soshi era uma mulher astuta chamada Soshi Uidori. Ela foi amaldiçoada em nascer uma de três irmãs idênticas, uma ocorrência que muitos no Império associariam com grande azar. Naturalmente, o Escorpião transformou-a numa vantagem. As irmãs poderiam uma ocupar um lugar da outra,e poucas pessoas notariam a diferença. “Como é que sempre vê através de nosso truque, Paneki-sama?”

Paneki colocou seu selo no documento e o pôs de lado. “É algo simples,” ele disse. E olhou para cima e sorriu. “Você é a mais bela, querida.”

Yukimi riu. Ela se curvou graciosamente. “Estou feliz em agradar-lhe, meu senhor,” ela respondeu.

“Verdadeiramente, vocês três podem ser muito previsíveis. Você detém os interesses do Escorpião em todo movimento. Quando convoquei a daimyo da família Soshi a mim, sua irmã Uidori deve ter percebido que suas perícias seriam mais úteis para mim que as dela por hora. O sensei do Dojô do Olho Fechado teria alguns especialistas no assunto.”

“Poucos homens podem dizer o que vêem no coração de uma mulher. Suponho que o Mestre dos Segredos possa fazer o que digo com facilidade.”

“Este é o maior elogio que um homem pode receber,” disse Paneki. Ele se levantou. “Venha comigo,” ele disse, e se virou para a parede atrás dele. Com um toque em algum sensor escondido, uma porta se abriu e revelou uma passagem escurecida. A dupla silenciosa adentrou os corredores escondidos de Kyuden Bayushi, vagarosamente movendo-se pelos porões do castelo. Quando Paneki parou diante de uma porta oculta, Yukimi percebeu que não fazia idéia de onde estava.

Eles entraram numa saleta, apesar de ser melhor descrita como uma cela. Uma pequena mesa era a única coisa colocada ali dentro, e um homem vestido inteiramente de preto se sentava contra o muro. Quando os dois entraram na sala, ele rapidamente se pôs de pé e se ajoelhou diante do Campeão.

“Este é Shosuro Aroru, um dos meus mais leais servos,” disse Paneki. “Você ouviu as notícias de nosso Imperador?”
“Sim,” disse Yukimi, sua cabeça baixa. “Ouvi esta manhã. Este homem estava na expedição?”

“Ele agiu como líder do Escorpião. Ele direcionou nossos homens e estava lá na batalha decisiva. Quando o Imperador ordenou que seus oficiais do exército defensor o deixassem de lado, Aroru pegou um item da Tumba. O que você pode nos dizer sobre ele, Aroru?”

“Nada, Paneki-sama.” respondeu Aroru. Quando o achei dentro da Tumba, sabia que devia ser protegido. O pus dentro de uma pele velha. Não abri o pacote desde então, mesmo depois que retornei para casa.”

Paneki apontou para uma caixa de madeira colocada no meio da mesa. Sem mais delongas, Yukimi moveu-se adiante e começou a examinar a antiga caixa. Ela murmurou para si e cantou aos kamis. Paneki e Aroru simplesmente esperaram e observaram enquanto ela fazia seu trabalho. Finalmente, ela moveu sua mão sobre a tampa da caixa e ela se abriu.

Um brilho verde preencheu a sala. Os olhos de Yukimi se abriram e ela viu o conteúdo da caixa. Ela recolocou a tampa da caixa e se afastou.

Yukimi olhou para o seu Campeão. “Meu senhor,” ela disse, sua voz falhava. “Isto é uma Escritura Negra. O poder do manuscrito e os fortes selos que bloqueiam a natureza maligna do espírito guardado dentro dela é gigantesca.” Suas mãos tremiam, como que se tentassem prendê-lo.

A expressão de Paneki não se abalou. “Tinha a impressão de que estivéssemos certos da localização de muitas Escrituras Negras. De cada uma delas, qual está tão completamente fora de nossa visão? Adivinhação Negra? Toque de Fu Leng? Nossos agentes nunca acharam o paradeiro delas.”

Ela moveu a cabeça. Paneki podia ver o terror nas profundezas de seus olhos arregalados. “Não, Paneki-sama. Este é um manuscrito antigo e posso sentir que nunca foi aberto. Esta Escritura Negra nunca foi aberta antes. Esse manuscrito é algum novo mal.”

“Duvidoso,” disse Paneki. “Todas as Escrituras foram abertas. Se não tivessem, Fu Leng não teria sido derrotado no Segundo Dia do Trovão.”

“Não é uma das Escrituras Negras que conhecemos,” insistiu Yukimi. “Posso identificá-las sem dúvidas. Esta escritura... Nunca vi algo parecido. Eu não sei o que ela contém, ou que outro poder poderia ser capturado de tal maneira para criar uma Escritura Negra, mas tem algo. Isso é algo completamente novo e sem precedentes.”

Por trás de sua máscara, a cor abandonava o rosto de Paneki.
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Post  Renato Sun Jul 20, 2008 10:19 pm

“O que é isso?” Insistiu Kuon. “Presságio, eu devo saber, o que você tem permissão para me dizer sobre esse item? Eu sei que você está limitado a não interferir em certos aspectos, mas...”

“Não se preocupe com minhas restrições,” disse Presságio. “Não é esse o assunto em discussão. O item que você recuperou é o Tao de Fu Leng. É um antigo tratado que detalha as forças e fraquezas daqueles que possuem a marca do Jigoku, o que vocês chamam de Mácula das Terras Sombrias.”

“Ele contém feitiços, então,” disse Jinn-Kuen.

“Quem dera,” disse Presságio. “É um discurso de filosofia e argumentação. É uma realização dos mais terríveis atos e pensamentos que uma mente mortal pode conceber. Ele fala do cumprimento dos objetivos do Kami Negro. Mesmo ficar em sua presença por longos períodos de tempo pode ser perigoso. Acredito que essas palavras corrompidas são mais traiçoeiras que qualquer item imbuído com simples magia de sangue.”

Jinn-Kuen empalideceu. “Ajudei a trazer tal monstruosidade para nossas terras?”

“Melhor conosco do que arriscando liberta-lo em algum lugar no Império,” respondeu Kuon.

Presságio moveu sua cabeça solenemente. “Se caísse em mãos erradas, o conhecimento negro dentro dele corromperia os leitores e espalharia um grande mal no Império. Temos sorte que Jinn-Kuen foi sábio o bastante para pegá-lo. Devemos cuidar para que tal sorte maligna não seja liberada.”

“Resolveria nossos problemas se simplesmente o destruíssemos,” disse Jinn-Kuen. “Tenho aliados que seriam capazes de tal coisa, meu senhor.”

Presságio moveu sua cabeça. “O Tao de Fu Leng é muito poderoso para ser destruído em segurança. A possibilidade que ele se restaure em algum outro lugar é forte, o que nos tiraria o conhecimento de sua localização, ou em posse de quem estaria. Contanto que Fu Leng lidere o Jigoku, o livro existe de alguma maneira. Ele deve ser guardado. Aqueles que seguem o Kami Negro irão querer esse livro a todo custo. Os Perdidos virão por ele, e nada os deterá. A fé deles é diferente de qualquer coisa que o Caranguejo já testemunhou.”

Kuon concordou decisivamente. “Procurem por aqueles de nosso clã que viram a Tumba dos Sete Trovões, e que tenham visto este item. Precisamos ter certeza que não foram tocados pela influência de Fu Leng.” Ele se virou para Jinn-Kuen. “Há alguém mais que poderia tê-lo visto?”

Jinn-Kuen mexeu a cabeça. “Eu fui o único Caranguejo dentro da Tumba. Fui o único a tocar o item. Espere... Não, Benjiro o carregou por algum tempo antes que alcançássemos a Muralha, mas nunca viu ou soube o que estava dentro. É possível que tenha sido afetado?”

“Não podemos correr o risco,” disse Kuon. “Presságio-sama, leve esta abominação e ache um lugar seguro para ela. Devemos ter certeza de que ninguém seja capaz de acessar os poderes que este item representa. Nenhum recurso lhe será negado.”

“Uma sábia decisão,” disse Presságio. Ele amarrou o livro em peles nas quais ele chegou e o pendurou. “Partirei para as terras Kuni assim que Benjiro vier diante de nós.”

Kuon foi até a entrada e abriu as portas, apontando para as sentinelas de pé do lado de fora. “Achem Benjiro e tragam-no a esta sala imediatamente,” ordenou Kuon.

Os guardas curvaram-se e correram pelos saguões. Apenas alguns minutos depois Benjiro apareceu, sua expressão era curiosa. “Suas ordens foram cumpridas, Kuon-sama. O que mais você quer de mim?”

Jinn-Kuen deu um passo a frente. Ficando entre Kuon e Benjiro, ele parecia uma criança, mas seus olhos queimavam com intensidade. “O item da Tumba,” ele exigiu. “você o abriu?”

Benjiro estranhou, parecendo intrigado pela resposta. “Você sabe que não.”

“Pense!” insistiu Jinn-Kuen. “Ele se desamarrou em algum ponto? As peles caíram em algum momento durante a corrida para a Muralha?”

“Não,” insistiu Benjiro. “Nunca vi o que estava dentro.”

Kuon concordou, satisfeito. “Bom. Obrigado. Presságio?”

“Não detecto a marca do livro em nenhum desses homens,” respondeu o Oráculo. “Isso satisfaz seu interrogatório?”

“Sim, obrigado,” disse Kuon.

Presságio se virou para ir embora, o livro em posição segura, mas Kuon refletiu novamente enquanto o Oráculo caminhava para a porta. “Espere, Presságio,” disse Kuon. “Como você pôde me contar sobre o livro? Você me disse que está atado às leis que mantém a neutralidade. Como você pôde driblar esta limitação?”

Presságio sorriu. Os outros pareciam surpresos em ver a tristeza implícita na face do Oráculo, mas ninguém foi descortês o bastante para falar a respeito. “Eu fui livre em responder, pois o equilíbrio já foi quebrado.”

Enquanto o Oráculo partia, Kuon pensou se as palavras de despedida dele não foram igualmente perturbadoras quanto a presença do livro que carregava.





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“Qual o significado deste novo item, então?” Exigiu Paneki. “Este item não pode existir. É impossível.” Ele pausou por um momento, querendo diminuir o alarme interior dele. “Haveria mais?” ele exigiu

Yukimi moveu a cabeça. “É impossível dizer a menos que ela seja examinada. Não podemos saber a verdade dessa coisa a menos que seja lida, e se o fizermos correremos o risco de liberar o que quer que seja a força maligna contida dentro dela.”

Paneki olhou o objeto, ira e medo percorrendo o seu coração. “Varra a câmara de meditação sobre nós,” ele disse calmamente. “Avise os Yogo.” Ele se virou para encontrar os olhos dela. “Quero os Kuroiban aqui imediatamente.”

“Certamente,” ela disse. Yukimi se virou para o outro pacote. Ele repousava sobre a mesa, atado num velho kimono negro. Um brilho de ouro despontou do topo da estatueta de dragão. “Mas primeiro, sobre o outro item? Talvez devêssemos examina-lo.”

Aroru deu um passo à frente. “Dei minha palavra de que protegeria este item até que chegasse às terras do Dragão, minha dama.”

Yukimi zombou com desgosto. “De que vale sua palavra a um estrangeiro se seu superior pede para que ela seja quebrada? O item do Dragão foi achado no mesmo lugar que o manuscrito. Se o item tiver metade do poder de uma Escritura Negra devemos conhecer seus segredos.” Ela olhou para Paneki. “Talvez,” ela ofereceu casualmente, “Aroru-san ache um acidente em seu caminho para as terras do Dragão e o item seja perdido. Um trágico fim para tal herói.”

“Não,” disse Paneki por fim, “o item do Dragão não será tocado. Requereria muito poder humano para resolver seus enigmas antes que o Dragão note seu desaparecimento. Não alienarei nossos mais convictos aliados. E Aroru é muito valioso para ser gasto com uma simples distração.” Ele se virou para o silencioso assassino. “Não espire uma palavra do que foi transpirado essa noite, Aroru,” ordenou Paneki. “Descanse, termine seus deveres com rapidez, e retorne a mim.”

Aroru concordou. “Deseja que mate Daigotsu Soetsu?”

“Em breve,” disse Paneki, “mas ainda não. Ele ainda tem um uso.”





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“Perdoe-me por dizer isso, meu senhor,” começou Jinn-Kuen, “mas há um assunto extremamente importante em mãos que espero que o senhor tenha considerado.”

Kuon se virou para o homem minúsculo, surpreso por suas palavras. “Mais importante que um artefato mortal e venenoso em nosso meio, um que trará Perdidos sobre nós como uma praga? Por favor, ilumine-me.”

Jinn-Kuen estendeu as palmas abertas, como se para acalmar seu Campeão. “Perdoe-me se presumo demais, Kuon-sama, mas o Imperador Virtuoso está morto. O trono está vazio.”

Kuon observou o astuto Yasuki. “Quer dizer?”

“O trono deve estar em mãos fortes, Kuon-sama, se o Império deve prosperar. O povo precisará de um Imperador que está pronto para fazer o que for preciso para protege-lo dos perigos que cercam suas terras. As forças das Terras Sombrias têm nos atacado de novo e de novo recentemente. Quem melhor para guiar o Império do que alguém que compreenda nosso maior inimigo?”

A sala ficou em silêncio por um momento. Jinn-Kuen esperou com sua cabeça curvada. Benjiro procurou na face de seu Campeão por um sinal de seus pensamentos interiores, mas Kuon estava tão introspectivo como sempre. Finalmente, Kuon moveu a cabeça. “Não é tempo de tratar tais assuntos. As terras do Caranguejo devem estar a salvo antes que nos preocupemos com o resto do Império, e nós temos aturado os ataques de nosso inimigo por tempo demais. Continue com os preparativos, Benjiro.”

Benjiro concordou. “Estamos quase prontos, Kuon-sama. E em breve estaremos prontos para marchar para as terras do Escorpião.”
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