Death of Honor
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batalha na tumba - fiction

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Post  Renato Thu Jul 17, 2008 5:50 pm

seguinte vou postar as fictions traduzidas mais vai ser uma pra cada topico pq do outro jeito tinha ficado mto grande...se bem q essa primeira eh gigante mais eh so essa pq sao 4 partes....


Batalha na Tumba, parte 1

Por Shawn Carman
Editado por Fred Wan
Traduzido por Thiago Haiachi

Toshi Ranbo, a Cidade Imperial, ano de 1160
As celebrações lá fora atingiam seu auge. Nunca houve um festival ou cerimônia que agitasse tanto o povo de Toshi Ranbo. De fato, os cidadãos dessa populosa cidade tiveram poucos motivos para festejarem ao longo do século, visto que seu lar era a guerra e os cercos. A cidade mudou de mãos entre Leão e Garça facilmente dez vezes apenas no século passado, e a quantidade de transições que ocorreram antes que ela entrasse num estado de contensão entre os dois é indeterminável.

Agora, a cidade estava num estado de reconstrução como nunca se viu, e isso foi um grande feito por si só. Num acordo nunca antes visto, os Campeões do Leão e da Garça ofereceram a cidade como a nova capital Imperial, e votaram defende-la juntos de qualquer possível ameaça. Foi assim que ela se tornou a nova Cidade Imperial, substituindo a grandiosa tragédia que uma vez foi Otosan Uchi, e foi aqui que o mais novo Imperador de Rokugan, o homem outrora chamado de Hantei Naseru, foi coroado Imperador Toturi III. Mesmo agora, enquanto ele ficava de pé na sacada observando a celebração na rua abaixo, Naseru não podia deixar de sorrir. Muitos dos anos que se passaram não foram tempos difíceis para o povo de Rokugan. Ele estava feliz agora, mesmo que por um momento, eles podiam esquecer o sofrimento que dominava suas vidas.

“Há poucos homens que podem dizer ter um Imperador como seus alunos,” uma voz familiar, gasta pela idade, disse, “Estou orgulhoso de ser um deles.”

Naseru se virou e sorriu largamente, “Existem menos ainda que podem dizer que seu sensei estava vivo no tempo dos Kamis. Estou realmente honrado de fazer tal afirmação.”

“Uma piada sobre minha idade,” disse Ide Tadaji com enfado. “Posso ver que a dinastia de seu pai está prosperando.” O semblante do homem se tornou um sorriso enquanto se ajoelhava. “Estou honrado em servi-lo, meu Imperador.”

“Levante-se, por favor,” disse Naseru. “Você nunca se curvou perante mim antes, Tadaji-sensei.”

“Sim, de fato,” disse Tadaji. “Estou honrado além do imaginável que você fale assim comigo, meu Imperador, mas não deve faze-lo. Pelo seu próprio bem.”

O sorriso de Naseru sumiu. “O que você quer dizer?”

“Quero dizer que você é o Imperador. Você deve ser tratado com reverência, em todas as coisas. Permitir o contrário, mesmo para o mais próximo de seus aliados, mesmo à sua própria família, diminuirá seu poder. Isso não pode acontecer por razão alguma.”

Naseru titubeou sua cabeça, curioso. “Tal conselho parece atípico de você, Tadaji-san.”

“É uma lição universal,” disse Tadaji, assentindo, “Todos os Imperadores precisam aprende-la com o tempo. Só quero lhe poupar a dificuldade que tal lição traz.”

“Eu sou o Imperador,” disse Naseru. “Foi decidido entre os filhos de meu pai, e abençoado pelos Céus. Nosso inimigo nas Terras Sombrias foi derrotado, e os conflitos entre os clãs estão no fim. Não haverão descontentes em meu povo. É tempo de paz, pois foram os dias do reino de meu pai.”

Tadaji sorriu com tristeza. “Você vê os passados com os olhos da juventude,” ele riu. “Paz? Dificilmente houve paz nos dias de seu pai. Por um tempo houve, talvez, porque a Guerra dos Clãs, a Guerra contra a Escuridão e a Guerra dos Espíritos simplesmente não deixaram aos clãs recursos para fazerem mais guerras. Se o reino de seu pai continuasse, ele enfrentaria os mesmos conflitos que lhe aguardam.”

“Haverá paz,” insistiu Naseru.

“Quero mais que qualquer coisa que isso seja verdade,” disse Tadaji astutamente. “Mas você acredita nisso honestamente?”

Naseru ficou em silêncio por algum tempo. “Quero acreditar,” ele disse finalmente. “Quero crer que todos os sacrifícios que fiz, todos aqueles que morreram sob meu comando, o fizeram por paz ao povo de Rokugan.”

“Espero que um dia tais coisas passem,” disse Tadaji. “E com o tempo, talvez, elas passem. Mas a verdade simples, uma que nunca será dada a você é: a jornada até o seu trono talvez tenha sido a parte mais simples de sua jornada, meu senhor. Os tempos mais difíceis estão à frente. Você deve fazer grandes sacrifícios, e ao mesmo tempo não pode deixar que seu caráter ou honra sejam submetidos à mais simples questão. Ameaças abertas são facilmente lidadas, mas você raramente verá tais coisas. Sutileza será a arma de seus inimigos contra você, e diante de tais coisas, você deve se mover com cuidado por trás da cena e não permitir que os outros vejam nada.”

O Imperador sorriu discretamente. “Dificilmente palavras confortantes de se ouvir de meu conselheiro.”

“Elas não são menos verdadeiras por isso,” continuou Tadaji. “Você fez cosias sinistras para alcançar este ponto, não é?”

“Muitas,” admitiu Naseru calmamente.

“Não o bastante,” corrigiu Tadaji. “O número de tais atos que você será forçado a cometer agora serão incontáveis. Antes, você tinha aliados e inimigos que podiam ser manipulados. Agora, você tem servos e inimigos. Seus inimigos serão muito mais perigosos, e seus servos serão gastos contra eles como pedras num jogo de go.” O velho mexeu sua cabeça. “Vi seu pai ser forçado a fazer tais sacrifícios várias vezes. Eles pesavam sobre ele, mas você tem carregado esse peso sua vida inteira. Você deve ser mais forte.”

“Meu pai,” disse Naseru. “Não posso acreditar que ele fez as escolhas que fui forçado a fazer para chegar a esse ponto. Ele era um homem de honra irrepreensível.”

“Todos os Imperadores fazem decisões difíceis,” insistiu Tadaji. “Toturi as escondia dos outros. Ele compreendia que trono devia parecer intacto, não importando as ameaças que enfrentasse. Aqueles que colocavam um desafio a ele simplesmente... Iam embora. Ninguém nunca viu como.” O velho homem ergueu suas palmas, como se pesasse alguma coisa. “Considere a diferença de seu primeiro sensei, Hantei XVI. Ele estava certo de que todos sabiam de sua mão de ferro, e preço pago foi de fato alto.”

“Aparências,” disse Naseru placidamente. “Pensei que o Imperador estava acima de tais coisas.”

“Ninguém está, particularmente o Imperador.” Tadaji pausou por um momento, batendo seus dedos contra o queixo. “Considere isso por um momento. Entre seus apoiadores, estavam aqueles que acreditavam que estava apto a governar por usar o nome Hantei. Agora você o descartou, e o fez bem, em minha opinião. E quanto a esses apoiadores? Eles o verão com o mesmo favor agora que você dissolveu o pacto que seu pai fez com o Crisântemo de Aço?”

“Minha primeira proclamação será lembrada como uma quebra de juramento.” Naseru olhou em direção à sacada. “Esperei que coisas estivessem abaixo de mim. Tolas esperanças, suponho.”

“Tolice?” Tadaji riu. “Talvez. Mas elas são meramente uma indicação de seu caráter. Você é mais apto para Imperador que qualquer homem vivo, Toturi-sama. Seu pai estará orgulhoso do legado que construirá para seus filhos.”

Naseru continuou a olhar para a sacada. “Isso é o amigo falando, Tadaji? Ou o servo?”





Jardins Imperiais, ano de 1166
Era raro que o Imperador pudesse abrir mão de suas preocupações diárias para desfrutar de um breve momento de quieta privacidade nos Jardins Imperiais. Todo tipo de planta de todo o Império estava ali representada, assim como uma vasta quantidade das ilhas Mantis e várias espécies que o Unicórnio pode trazer de seus dias de viagens além das fronteiras de Rokugan. Shugenjas a serviço no palácio garantiam que o desenvolvimento dentro do jardim fosse como o da primavera e que se pudesse encontrar delicados e belos botões mesmo quando uma leve camada de neve estava caindo sobre eles, como agora. Se houvesse qualquer serenidade a ser encontrada no palácio, estava contida nos jardins.

Que trágico, então, pensou Naseru, que isso fosse uma mentira.

Houve um discreto farfalhar atrás dele. Naseru sorriu levemente mas não se virou. Ao invés disso, se sentou em um dos vários tabuleiros de go espalhados pelo jardim. “De todas as coisas que admiro em você, Sunetra, penso que talvez sua impecável pontualidade seja minha favorita.”

A jovem Escorpião de pé atrás dele nada disse, esperando em silêncio. Seu espesso manto obscurecia praticamente todos os seus detalhes, apesar de seus brilhantes olhos azuis poderem ser vistos vagamente na fraca luz.

“Você pode falar,” disse Naseru. “É seguro aqui.” Ele apontou para o chão, onde círculos rituais para um duelo de taryu-jiai, o tradicional método de duelo de shugenjas, estavam inscritos no piso.

Sunetra olhou para o círculo. “Essas inscrições são diferentes das do resto do palácio.”

“Parcialmente certo,” disse o Imperador. “A sobre a qual você está, e essas atrás do banco sobre o qual estou são únicas. Meu irmão as projetou, e tenho um shugenja brilhante e inquestionavelmente leal para criar uma cifra única para garantir que ela nunca seja decifrada.”

A Escorpião considerou por um momento. “A que limite você acredita que as pessoas do seu palácio podem estar comprometidas?”

“Não posso estar certo, mas qualquer comprometimento já é abusivo,” respondeu Naseru.

“Esses círculos são confiáveis?” continuou Sunetra. “A cifra pode ser quebrada.”

“Difícil.”

“O shugenja que os criou podia ter deixado anotações, poderia ser coagido a revelar os códigos.”

Naseru assentiu. “Considerei isso, e garanti que tal coisa não acontecesse.”

“Posso ver,” disse Sunetra, inclinando sua cabeça respeitosamente. “Como posso servi-lo, meu Imperador?”

“Tenho estado muito preocupado ultimamente, Sunetra,” disse Naseru, sua expressão cada vez mais triste. “Conte-me sobre sua vitória sobre a Torre Sombria.”

Sunetra assentiu. “Foi no vilarejo de Pokau. Atacamos todas os recursos identificados da Torre simultaneamente, incluindo as posses de seu mestre escondidas no vilarejo. Vi o próprio Atsuki morrer, dilacerado por meu agente Kamnan.”

“E você tem certeza de que ele está morto?”

“Completamente,” respondeu Sunetra imediatamente. “Eu o vi ser cortado em dois.”

“Você confia em Kamnan?” disse Naseru calmamente. “Você acredita que Atsuki era incapaz de preparar algum tipo de ilusão avançada para perpetuar o que você viu?”

Sunetra começou a dizer algo, então parou. Ela considerou por um momento. “Eu... Inspecionei seus restos. Não havia nenhum tipo de indício de que era uma duplicata ou impostor. Tenho o máximo de certeza possível de que era Atsuki.”

“Confortante,” disse Naseru, coçando seu queixo. “E ainda assim, tenho menos certeza. Conte-me o que sabe sobre os Gozoku.”

“Uma conspiração política de vários séculos atrás,” disse Sunetra rapidamente. “Eles conspiraram para reduzir o Imperador a uma marionete, mas foram desfeitos pela Imperatriz Yugozohime.” Seu semblante se baixou. “Atsuki estava entre os líderes originais da conspiração,” ela adicionou com uma noção de vergonha em sua voz.

“De fato, estava,” confirmou Naseru. “Posteriormente, tenho visto vários indícios que me preocupam grandemente. Temo que outra conspiração cresça em nosso meio enquanto falamos. Você acha que é uma infeliz coincidência, Sunetra, que tais coisas ocorram tão pouco tempo depois do suposto desaparecimento de Atsuki?”

Seu semblante ficou como se fosse feito de pedra. “Parece extremamente incomum,” ela disse com calma.

“Concordo,” respondeu Naseru. “Creio que ele ainda pode estar vivo, e que é em parte responsável por esses incômodos.” Ele se virou com olhar acusador à Campeã do Escorpião. “Você falhou para comigo, Sunetra.”

Ela se ajoelhou imediatamente. “Minha falha é imperdoável,” ela disse. “Permita-me limpar a honra de minha família, meu Imperador.”

“Não seja ridícula,” ele disse rispidamente. “Não descarto meus vassalos tão irresponsavelmente. Você tem perícias excepcionais, e a honra de sua família atende facilmente às minhas necessidades.”

Ela pareceu confusa. “O que quer de mim, Toturi-sama?”

“Tenho necessidade de seus talentos únicos. Não há ninguém que possa igualar seus talentos.”

“E o seu vassalo ronin?”

Naseru sorriu. “Yaminu é útil, não há dúvidas, mas ele não morreria por mim. Matar, sim, com grande entusiasmo e eficácia. Mas morrer por mim? Não é da natureza dele. Assim, há grandes coisas que não podem ser confiadas a ele. É aí que você entra.”

“Certamente,” ela disse imediatamente. “Sou sua para ser comandada, como sempre.”

“Você é minha mão detrás,” disse Naseru. “Você tem três meses para organizar seus afazeres. Depois disso, você renunciará à posição de Campeã do Clã Escorpião a um sucessor à sua escolha. Você simplesmente desaparecerá. VocÊ será uma criatura das sombras, e fará as desagradáveis tarefas de que preciso.”

Sunetra empalideceu levemente, mas curvou sua cabeça. “Se é o que deseja, certamente.”

“Peço muito, eu sei,” ele disse. “Estou resignando sua vida uma de vazio e solidão. Você não terá aliados, nem camaradas. Você morrerá sozinha, despreocupada e sem ser lembrada. Você trairá tudo que ama, sem reservas, ao meu comando. Você entende o que estou lhe comandando a fazer?”

“Sim,” ela disse calmamente.

“Muito bem,” ele respondeu. “Você pode oferecer seus serviços a seu novo Campeão, se quiser. Quando não estiver trabalhando para mim, então pode ajudar seu clã no que achar apropriado. Deixarei isso com você. Quando lhe chamar, porém, você responderá imediatamente, independente das conseqüências para o Escorpião. Fui compreendido?”

“Perfeitamente.”

“Excelente. Então vá providenciar seus afazeres como instruído. Uma vez que a transição esteja completa, relate-me na mesma maneira que esta noite. Terei mais informações até lá, e sua caçada por Atsuki recomeça.”

Sunetra se levantou e curvou-se levemente, então se virou para ir embora.

“Não é uma questão de punição,” disse Naseru a ela. “É simplesmente o que é necessário.”

“Claro, meu Imperador.”
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Post  Renato Thu Jul 17, 2008 5:51 pm

Palácio Imperial, ano de 1166
O Imperador atravessou os corredores do palácio, suas mãos em suas mangas. Sua face dura e introspectiva, e todos que o ouviam se aproximar se moviam para dar-lhe privacidade. Ele caminhava de propósito, evitando qualquer passagem que o fizesse passar por outra, até que chegasse às suas câmaras privadas. Não era surpresa que descobrisse alguém esperando por sua chegada, apesar dele estar levemente surpreso por sua identidade. “Não desejo ver ninguém no momento, Sezaru,” ele disse.

“Como quiser, meu senhor,” disse Isawa Sezaru se curvando. “Acabei de ouvir as notícias. Quis ver se você estava bem.”

“A que notícias se refere?” perguntou Naseru com uma expressão raivosa. “As notícias de que o amigo mais velho de nosso pai está morto? De que a Fênix estava ocultando uma cidade escondida repleta de artefatos perigosos? Ou talvez as notícias de que os Oradores de Sangue agora têm esses artefatos em posse deles? Realmente, não posso escolher uma. Acho todas elas igualmente interessantes.”

Sezaru se curvou. “Compreendo sua ira, Toturi-sama. Não sabia da cidade escondida ou teria lhe informado também. Descobrirei que outros segredos a Fênix tem escondido, se desejar.”

“Não,” disse Naseru. “Se você se intrometer em seus afazeres, parecerá que o fez sob meu comando, e me fará parecer ainda mais ignorante por isso. Isso não é aceitável.”

“Certamente. Não quis ofender.”

Naseru abanou o comentário. “Não duvido de seus motivos, Sezaru. Nunca o fiz. Como está progredindo a luta contra os Oradores de Sangue?”

“Não tão bem quanto queria,” admitiu Sezaru. “A cada vez que destruímos um, outro aparece nas sombras. Os destruirei, mas levará tempo.”

“Faça o que deve, mas não hesite,” ordenou Naseru. “A cada dia eles se fortalecem, e mais caem sobre suas facas.”

“Homens como Toku-sama,” disse Naseru calmamente. “Sal vida valia mais que cada Orador de Sangue que já viveu.”

“Nunca conheci um homem tão verdadeiramente virtuoso,” admitiu Naseru. “Tão sem malícia ou rancor. Ele era algo único, e agora se foi.”

“Construa um santuário em sua memória, irmão,” disse Sezaru, pondo de lado a formalidade pela primeira vez que Naseru podia se lembrar. “Lembre-se dele como o pai o faria.” O shugenja pôs sua máscara e curvou-se. “Eu retorno à batalha, meu Imperador” Com isso, ele simplesmente se foi.

Naseru ficou no saguão por vários minutos, considerando as palavras de Sezaru. Toku seria lembrado, não havia dúvidas quanto a isso. O que não tinha lhe ocorrido era que o grande general havia feito um último serviço à dinastia Toturi, na morte como na vida. A única verdadeira questão era se o espírito do pai de Naseru conseguiria ou não descansar sabendo que seu filho usou a morte de seu melhor amigo como parte de seus planos.




Distrito de Seppun Toshiaki, ano de 1167
O velho Toshiaki fechou a tela atrás dele. Os servos saíram à noite, como instruiu. Depois de um dia como hoje, tão cheio de tensões e stress, ele precisava de solidão para superar sua inevitável frustração. O chá que pediu foi preparado como instruiu, ele bebeu do copo delicadamente. Parece que o chefe mais recente finalmente dominou suas específicas necessidades culinárias. Por agora, ao menos, ele estava grato. Ele se cansou muito procurando de um em um por algum chefe com algum grau de competência.

Não demorou mais do que o segundo copo de chá para que percebesse que algo estava errado. A sensação era sutil, como se mascarada. Toshiaki baixou seu copo, com uma expressão de irritação. Algum perturbou seus aposentos. Talvez um servo que não tivesse permissão, ou algum de seus vários inimigos. Independente disso, alguém violou a santidade do seu lar, e haveria repercussões. Toshiaki não subiu ao comando da Vigília Oculta pelo poder político, e se alguém achou que ele fosse um fácil para suas interferências, eles perceberiam logo que sua ira era algo terrível.

Houve o som de sopro e de repente Toshiaki ficou cego, seus olhos ardendo e derramando lágrimas incontrolavelmente. Ele berrou estranhamente e ergueu uma mão, soltando uma rápida prece aos kamis e liberando um trovão que rachou a madeira em algum lugar da sala. Algo atingiu o velho shugenja no lado de sua face, algo metálico e com força excepcional. Toshiaki ouviu sua mandíbula quebrar, e gemeu em dores.

Algo foi derramado sob a parte de baixo de sua face. Era líquido, mas grosso e quente ao toque. Isso selou seus lábios juntos como se fosse cera, mas mesmo enquanto se arrastava, não podia ser retirado. O cheiro era insuportável. Outro jorro líquido foi jogado, mas dessa vez era apenas água. Seus olhos clarearam, mas ainda não podia libertar sua boca pelo composto de secagem rápida que a obstruía.

Um homem estava diante dele, vestindo as vestes rudes de um ronin. Seu ferido e cinzento semblante não tinham expressão, e Toshiaki o viu amarrando uma pequena garrafa em seu obi. O velho pegou uma faca que sempre mantinha em sua cintura. Seu oponente o olhou com uma expressão de desdém e jogou a lâmina para longe antes mesmo que o shugenja pudesse busca-la. Com sua outra mão, o ronin agarrou o cabelo do homem e bateu sua cabeça contra a superfície da mesa. A dor em sua cabeça era incrível, e a renovada dor de sua mandíbula quebrada parecia massacra-lo completamente.
O ronin o jogou no chão e colocou um pé em seu pescoço. “Ouça bem,” ele sibilou, sua voz quase um suspiro. “Tenho uma mensagem para você e demorou para que eu memorizasse tudo. Se você interromper, terei que recomeçar. Você sofrerá por isso.” Ele limpou sua garganta, então começou. “‘Olá, velho amigo. Peço perdões por não poder ter vindo pessoalmente, mas certamente você entenderá que não é possível. Você dificilmente é o adversário que imaginei que fosse. Acreditei que fosse um homem de poder, mas não é nada mais que um espião e um pulha. Seu embaraço no funeral do General o deixou inútil aos seus mestres, e como resultado, você não tem mais utilidade para mim. Você foi uma irritação para mim, Toshiaki, e agora eu decidi que é hora de encerrar essa irritação. Conforte-se que, em sua morte, você tem apenas um uso para mim.’”

Com isso, o ronin levantou seu pé da garganta de Toshiaki, permitindo que o velho enchesse seus pulmões com grandes inspirações pelas suas narinas. “Uma vez que a mensagem tenha sido entregue, meu trabalho é apenas um,” continuou o ronin. “Devo garantir que seus co-conspiradores entendam o destino que os aguarda.” O homem se ajoelhou ao lado de Toshiaki e desembainhou uma faca. A lâmina brilhava na baixa luz, ele fez um sorriso sinistro. “Meu dever,” ele disse com sarcasmo. “é servir.”
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Post  Renato Thu Jul 17, 2008 5:53 pm

Batalha na Tumba, parte 2


Por Shawn Carman
Editado por Fred Wan
Traduzido por Thiago Haiachi

Toshi Ranbo, Mês da Lebre, ano de 1167
Sob circunstâncias normais, a Cidade Imperial estaria cercada por tendas improvisadas. Eram tipicamente erguidas por peregrinos visitando a cidade, ou ocasionalmente por mercadores esperando lucrar no intenso comércio durante certas estações do ano. Agora, porém, havia pouco incentivo para se viajar pelo Império. Uma grande tempestade de sangue veio e baniu a inocência. Muitos se encolhiam às suas casas à noite, mesmo depois de meses, recolhendo sua família e esperando que as Fortunas as protegessem. Pela primeira vez em anos, quase não haviam tendas fora da cidade.

O que facilitou para que as forças do Shogun montassem quartéis temporários próximos aos portões da cidade.

Kaneka estava na maior de várias dúzias de tendas, cuidadosamente examinando um mapa e comparando-o a vários manuscritos. Ele franziu-se e marcou um ponto no mapa com um pedaço de carvão, então virou-se para um dos manuscritos para continuar lendo. Ele ouviu a tenda se agitar, ouviu o momentâneo barulho de chuva do lado de fora, e antes que viesse de novo, ele sentiu o som abafado diminuir a um ritmo seco de um pano. “Não agora,” ele disse refletindo.

“Interessante,” disse uma voz familiar. “Não estou acostumado a ouvir tais respostas à minha presença. Pelo menos, não recentemente.”

A cabeça de Kaneka se virou repentinamente. O homem diante da entrada de sua tenda estava vestindo um reles kimono preto, mas seu semblante era inconfundível. “Imperador,” disse Kaneka pesadamente. “Você deveria estar aqui?”

“Não deveria?” Toturi Naseru respondeu casualmente.

“Você deveria ficar dentro do palácio, onde sua guarda pode protege-lo,” disse Kaneka. “Você certamente não deveria ficar sem a proteção adequada.”

“Aonde no Império eu iria e estaria mais seguro do que com meu Shogun?” indagou o Imperador. “Seu dever é defender Rokugan, não é?”

“Claro,” respondeu Kaneka de uma vez. “Esta é a tarefa que você impôs a mim.”

“Se bem me lembro, creio que sua tarefa específica seja proteger contra a ameaça de Iuchiban.” Naseru vislumbrou os manuscritos na mesa de Kaneka casualmente. “Diga-me, como está progredindo?”

Kaneka zangou-se. “Você sabe que ele está morto. Ele foi exorcizado para Otosan Uchi e seu... Nosso irmão o matou.”

“E agora você está aqui,” disse Naseru.

“E agora estou aqui,” repetiu Kaneka. “Com Iuchiban morto, direcionei minha atenção ao seu culto. Presumi que concordaria que foi uma progressão lógica, mas quis ter certeza de que tive a oportunidade de receber um novo mandato se esse for o seu desejo.” Ele apontou em direção a Toshi Ranbo e sorriu. “E então eu vim para cá.”

“Como qualquer um pode ver,” disse Naseru. “Minha pergunta é por quê?”

Kaneka apontou para o mapa e para os manuscritos. “Estive comparando vários relatórios de magistrados de todo o Império, particularmente aqueles imediatamente anteriores e posteriores à Chuva de Sangue. Estou tentando isolar as células maiores dos Oradores de Sangue para que possamos caçá-los até o fim. Será mais fácil agora que parecem terem enlouquecido e se tornado pouco mais que animais, mas ainda assim será difícil.”

“Difícil, de fato,” concordou Naseru. “Você usará as Legiões Imperiais, porém. Isso fará sua tarefa mais rápida e fácil.”

Kaneka franziu-se. “As Legiões não treinaram com meus homens. Isso complicará a coordenação de nossos esforços.”

“Besteira,” admoestou o Imperador. “Envie-os independentemente. Eles podem operar por si próprios, e isso dramaticamente aumentará a área que cobrem simultaneamente.”

O homem mais velho assentiu. “Isso é verdade o bastante. Como desejar, com certeza, Imperador.”

“Obrigado. Ao completar sua tarefa, retorne à Cidade Imperial imediatamente. O povo desejará agradecer seu Shogun por seu valor.”

Kaneka sorriu levemente. “Estaria honrado.”

“E certamente eu desejaria oferecer-lhe meus agradecimentos por seguir minhas ordens tão precisamente também.” Continuou o Imperador. “Todos devem saber de meu contentamento em seus atos.”

O sorriso desapareceu. “Claro,” ele disse. “Todos devem saber que estava meramente seguindo suas ordens, afinal. Este é o meu dever.”

Naseru olhou para seu Shogun com uma expressão curiosa. “Você é o Shogun. Estou confiando apenas a você esta tarefa. Importa quem o povo vê como responsável por sua execução?”

Kaneka forçou um sorriso. “Não para mim.”

“Excelente,” disse Naseru. “Providencie-a, então.”




Palácio Imperial, Mês do Touro, ano de 1167
As câmaras pessoais de Toturi III eram largas, mas não tão luxuosas quanto se esperaria, e certamente não tanto quanto as de muitos Imperadores anteriores. Era como Naseru as preferia, com as únicas decorações que eram não apenas belas como também tendo um incrível significado pessoal também. Um pedestal de pedra dado a ele por seu amigo Shinjo Shono que ostentava uma cópia de Liderança que o general Toku deu ao seu pai estava num canto. Uma excelente pintura de Otomo Hoketuhime feita sob encomenda para ele pendia na outra parede. Em outra, uma máscara dada como presente de casamento por Bayushi Paneki, o Campeão do Clã Escorpião e confiável vassalo. Tudo tinha significado. Tudo servia a um propósito.

“Meu senhor.” A voz era inconfundivelmente suave. Naseru se virou à entrada e sorriu levemente enquanto a Imperatriz adentrava com uma leve reverência. “Seu comportamento me preocupa.”

“Não deveria,” disse Naseru calmamente. “Tudo está bem.”

“Sua audiência com o Campeão de Jade parece não ter ido bem,” insistiu Toturi Kurako. “Você se retirou desde então. Sua proclamação de isolamento preocupa a muitos, a mim mais do que todos. É... Atípico de você.”

“Talvez,” disse o Imperador. “De que importa? Eu sou o Imperador. Não é meu dever refletir meu Império?”

“Devo dizer que é o Império que deve refletir o seu governo,” respondeu Kurako.

“Isso não seria ideal?” disse Naseru, com um leve escárnio em sua voz. “Mas se o Império é um reflexo de mim, então de fato me provei um governante ruim.”

“As falhas deles não são suas,” insistiu Kurako.

“Claro que são,” disse Naseru secamente. “Se um exército é derrotado no campo de batalha, é o comandante quem deve suportar a vergonha.”

“É muito diferente,” ela insistiu.

“Não, não é,” disse Naseru. Seu tom não permitia resposta. “É exatamente o mesmo. Tudo que atribula o Império é culpa do Imperador. Aqueles poucos que crêem no contrário esqueceram o que aconteceu no último meio século.”

Kurako desviou seu olhar. Ela ficou quieta por um longo tempo. “O que você vai fazer?” ela finalmente perguntou.

Naseru ponderou por um momento. “Você ouviu o anúncio que fiz na corte. O assim chamado embaixador enviado de Daigotsu está seguro por hora. As preocupações do Campeão de Jade são válidas, mas depois de algumas deliberações, achei suas vontades. O Império se tornou obcecado pela iluminação, e parece que aqueles que dizem ter a alcançado são indivíduos próximos à histeria.”

A Imperatriz assentiu com tristeza. “O povo está desesperado por algo no que acreditar. Os Oradores de Sangue os aterrorizaram.”

“E os Gozoku usaram isso para enfraquecer meu governo,” disse Naseru furioso. “Entre os dois, há muita discórdia. Esperei que isso se resolvesse sozinho. Lidarei com isso eu mesmo, se meus Campeões se provarem incapazes.”

“Como?”

“Eu buscarei a iluminação,” disse Naseru. “Enquanto estou em ‘isolamento’, vagarei pelo Império e verei o que levou meu povo a esse despertar espiritual.”

Kurako balançou a cabeça e franziu-se. “Você acredita que pode alcança-la desta maneira?”

“Isso é completamente irrelevante,” disse Naseru. “O que importa é que possuirei a informação de que preciso. Verei aqueles que supostamente alcançaram a iluminação, e aqueles que ainda a procuram. Se compreender o desejo deles, então o usarei,” Ele olhou para Kurako e sorriu. “Não espero que me compreenda, querida, mas preciso de sua ajuda.”

Ela curvou sua cabeça. “Se devo, meu senhor. Devo ser a única?”

“Não,” ele disse depois de um momento de pensamento. “Não, acho que talvez um outro. Um homem bem versado em guardar segredos, afinal.”
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Post  Renato Thu Jul 17, 2008 5:53 pm

Cidade do Sapo Rico, Mês do Dragão, ano 1168
O homem que simplesmente se chamava de Andarilho se sentou pesadamente no canto vazio de uma escura casa de chá. Ele acenou educadamente à atendente, que colocou chá e sake diante dele, junto com uma pequena bandeja de arroz e peixe. O peixe era seco, visto o quanto a cidade estava longe de qualquer grande fonte de água, mas ele não se importava particularmente. Viajar, descobriu ele, era uma cura excelente para uma variedade monótona.

Enquanto mastigava calmamente a simples refeição, o Andarilho observou a sala casualmente, não perdendo nada. Os dois homens na parede oposta tinham a aparência simples de trabalhadores comuns, mas ao menos um deles tinha um daisho. Eles eram vassalos dos Kaeru, sem dúvida. Vassalos de vassalos. Dificilmente uma posição agradável, e pela aparência deles os homens estavam trabalhando por longas horas numa tarefa desagradável. Ainda assim, eles eram pagos por seus trabalhos, e tinham uma fonte fiel de comida e abrigo. Do que viu durante o passar das semanas, eles eram melhores que muitos. Ele bebeu seu chá e viu um recém-chegado entrar no bar.

A visitante era uma jovem mulher com longo cabelo preto. Ela vestia os trapos de um ronin, mas se portava de uma maneira óbvia para o Andarilho de que não era uma simples “mulher onda”. Ela falou com a atendente, e num momento o dono da casa de chá veio para falar com ela também. O Andarilho não pôde ouvir a conversa, mas por suas linguagens corporais era algo bem fácil de se decifrar. A mulher tinha pouco ou nenhum dinheiro, e estava perguntando se depois da refeição ela podia trabalhar de alguma maneira, talvez como yojimbo ou qualquer coisa do tipo. O dono claramente não estava interessado, mas a maneira em que a espada pendia na cintura da mulher o fez hesitar, e ele estava tentando lidar com a situação sem arriscar sua vida.

O Andarilho deu um novo olhar à recém-chegada. As manchas avermelhadas em seu hakama indicavam recentes viagens pelas províncias do Leão, onde era comum ter lama dessa cor. Ele pigarreou e sacudiu seu saco de moedas, assentindo imperceptivelmente ao dono da casa. O homem olhou de lado para ele, então curvou-se à mulher e desapareceu na cozinha. A mulher ronin olhou na direção do Andarilho, então se dirigiu e curvou-se a ele. “Obrigada,” ela disse simplesmente.

“O prazer é meu,” respondeu o Andarilho, impressionado que ela percebesse tão rapidamente o que aconteceu. “Sente-se e junte-se a mim.”

A mulher não se moveu. “Não confunda gratidão com qualquer outra coisa,” ela disse. “Minha companhia não está à venda.”

“Meramente pretendia uma conversa,” respondeu o Andarilho. “Você pode desfrutar sua refeição em qualquer outro lugar. Não há obrigações além de uma refeição compartilhada e um chá.”

A mulher hesitou, então curvou-se novamente. “Obrigado,” ela disse, sentando-se. “Faz tempo desde que pude desfrutar de uma refeição calma.”

O Andarilho assentiu e bebeu um segundo copo de chá. “Você acha as terras do Leão desagradáveis, então?”

Os olhos da mulher se abriram. “Então você me conhece?” ela perguntou calmamente.

O Andarilho riu. “Não,” ele disse casualmente. “Você esteve nas terras do Leão, porém, não esteve?”

“Estive,” ela confirmou. “E daí?”

O Andarilho empurrou o seu prato. “Enchi-me de sua hesitação. Se seu treinamento foi completamente desprovido de cortesia, então você pode aproveitar o resto de sua refeição em silêncio.” Ele começou a se levantar.

“Me desculpe,” a mulher disse com calma. “Não foi minha intenção ofender. Tenho... Tive uma jornada difícil.”

O Andarilho se sentou lentamente. “Muito disso eu posso entender.” Ele apontou para a espada dela. “Você usa sua espada no estilo Shiba. Meramente notei que as terras do Leão estão entre lá e cá, assim, você deve ter viajado por elas.”

“Claro,” ela disse. “Sou Nagisa. Estou numa peregrinação guerreira, e viajei pelas terras do Leão. Quis evita-las, mas a batalha em suas fronteiras ao norte fizeram que passasse por suas províncias para viajar.”

O Andarilho concordou. “Tenho certeza que foram bastante hospitaleiros.”

“Claro,” disse Nagisa abruptamente. “Imagino que eu não possa voltar tão cedo.”

“Passei algumas semanas no norte da Shinomen,” disse o Andarilho. “Alguma notícia interessante das terras do Leão?”

“A guerra é sobre o que todos falam,” disse Nagisa, comendo seu arroz com muito gosto. “Alguns dizem que o Unicórnio deve ir embora logo, e então a Guerra do Sapo Rico terminará de novo, exceto que a Garça também queira.”

“Shinsei disse que a história era um ciclo”, disse o Andarilho. “Ainda assim, essas notícias dificilmente parecem interessantes. Os clãs sempre estão uns nas gargantas dos outros, ao que parece.”

“Verdade,” concordou Nagisa. “Vieram rumores da Corte Imperial, porém.”

“É?” O Andarilho mordeu um pedaço de peixe, parecendo desinteressado.

“Dizem que os Perdidos enviaram um embaixador à corte, e que o Imperador ordenou que o Escorpião o prendesse. Também dizem que o Imperador está tão enfurecido que se recolheu em isolamento sob conselho do Campeão de Jade, para que ele atire o Império inteiro contra as Terras Sombrias numa guerra que não pode ser vencida.”

“Interessante,” observou o Andarilho. “Isso é o que está sendo dito nas terras do Leão, certo?”

“É,” confirmou Nagisa, começando um segundo bolo de arroz. “Existem rumores similares nas terras da Garça, apesar de eu ter ouvido dizerem que o Campeão de Jade impediu que o Imperador aceitasse qualquer proposta que os Perdidos oferecessem, e que se retirou em isolamento para contemplar seu erro de julgamento.” Ela pensou por um momento. “Acho a idéia blasfema, para ser honesta.”

“Típico,” O Andarilho sentenciou sob sua respiração. “Você é uma apoiadora do Imperador, então?”

“Claro,” respondeu Nagisa de uma vez. “O reinado de seu pai foi ordenado pelos céus. Ele é o Filho dos Céus.”

“Imaginei que os céus pudessem ser mais infalíveis,” ofereceu o Andarilho.

Nagisa pausou, seus palitos um pouco longe da boca. “As bênçãos dos céus não tornam um homem infalível,” ela respondeu. “Nada mortal, ou que uma vez foi mortal dura para sempre.”

“Interessante,” disse o Andarilho, levantando uma sobrancelha. “O que a levou a essa conclusão?”

“Fortunas morreram lutando contra Fu Leng,” ela disse. “Imperadores fizeram enganos, não se precisa olhar para além do Crisântemo de Aço para ver isso. Mesmo Lorde Lua foi enganado pela Escuridão Enganosa. Não há perfeição. Não há infalibilidade. Fazemos o que podemos. Por que com os deuses seriam diferentes?”

“Talvez,” ele contemplou, coçando a tatuagem que cobria seu olho. Às vezes ela ardia mais que o normal. Ele não tinha idéia do porquê. “Certamente é uma filosofia interessante, senão nada mais. Você a compartilhou com outros?”

Nagisa sorriu levemente. “Não muitos. Muitos samurais são muito apegados às suas maneiras para ouvirem qualquer coisa que discorde com noções predeterminadas. Acho companheiros andarilhos mais... Flexíveis... Aparentemente.”

“Certamente alguém achou agrado nela,” pressionou o Andarilho.

“Houve um certo velho cortesão nas terras da Garça,” Nagisa admitiu depois de um momento de pensamento. “Acho que ele pode ter concordado na esperança de me fazer mais sucinta a avanços, porém. Ele era meio safado.”

“Ouvi isso sobre o velho Garça,” disse o Andarilho com um sorriso. “Você lembra o nome dele?”

“Munemori, eu acho,” disse Nagisa. “Dos Kakita. Por que pergunta?”

“Nenhuma razão,” disse o Andarilho. “Apenas uma informação útil para depois, caso eu vá para províncias da Garça. Mentes abertas sempre são benéficas, não acha?”

“Suponho que sim,” concordou Nagisa.

O Andarilho se levantou. “Por favor, aproveite sua refeição. Tenho uma mensagem para enviar para um velho amigo, então devo partir novamente. Foi um prazer conhece-la, Nagisa-san. Talvez nos falemos de novo.”




Profundezas das Terras Sombrias
Naseru parou no topo de uma paisagem rompida por fontes vulcânicas, precariamente permeada por uma por uma floresta devastada de pedras afiadas que se aglomeravam em todos os ângulos possíveis. Ele limpou a poeira de sua sobrancelha com uma manga rasgada. Nas planícies abaixo dele, ele podia ver a forma fosca de uma grande tumba encravada no lado de uma rocha estranhamente comum. Esteve escondida lá por mais de mil anos, mas agora ele achou o caminho para cá.

Naseru apanhou o manuscrito gasto de seu obi e olhou para ele uma última vez. Ele o descobriu dentro da Shinomen. Mesmo agora, o pensamento o fazia hesitar. Um rumor o levou à floresta, um rumor a respeito de um antigo santuário e um sensei kenku que guardava os segredos da iluminação. Ele não acreditava neles, claro, mas a chance de que pudessem ser verdade eram realmente grandes para se deixar passar. Se tal coisa existisse, se os rumores fossem verdade, então evidências de sua visita a tal lugar seriam todas as provas que precisava para convencer os outros de que sua “peregrinação” tinha obtido sucesso. Ao invés disso, ele descobriu o manuscrito.

O selo tinha o seu nome. Foi deixado ali para ele.

O Imperador não pôde decidir se estava mais irritado caso alguém, quase certamente Rosoku, pudesse ter previsto tão precisamente suas ações, ou se estava meramente alarmado que tudo que Rosoku havia dito fosse verdade. Com toda a honestidade, Naseru nunca acreditou em iluminação. Não era nada mais que um punhado de auto-ilusão, ou possivelmente um motivo para manipular os inocentes. Ele havia olhado nos olhos de Rosoku e não viu nada mais que um homem mortal que desesperadamente acreditava que podia salvar o Império. Ele olhou nos olhos de Asahina Sekawa e sabia que seu discurso de iluminação era falso.

Agora, no fim de sua longa jornada, guiado por um misterioso manuscrito, ele ponderava. Podia tudo ter sido verdade? Os dons de Rosoku verdadeiramente tiveram impacto no que houve a Rokugan? Haveria algo dentro da Tumba que pudesse guiar-lhe ao caminho que levaria à salvação do Império?

Naseru não sabia as respostas. Ele só sabia que devia segui-las.

Sua busca começou como muitas outras durante sua vida: uma manipulação. Um ardil para restaurar sua confiança em si mesmo que se quebrou. Agora... Era algo mais. Ele não sabia o que havia dentro da Tumba, ele só sabia que agora, aos passos finais, que Rosoku queria que ele a encontrasse.

Naseru desceu a rocha e começou a cruzar os últimos poucos quilômetros à Tumba dos Sete Trovões. O destino o esperava lá dentro.
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Post  Renato Thu Jul 17, 2008 5:54 pm

Os defensores do Imperador chegam à Muralha Kaiu, prontos para cruzarem as Terras Sombrias em busca de Naseru. Chegarão a tempo?


Batalha na Tumba, parte 3

[align=right]Por Shawn Carman
Editado por Fred Wan
Traduzido por Thiago Hayashi
[/align]

A Grande Muralha do Carpinteiro
Servir no alto da Muralha Kaiu era considerado um entre os mais sagrados deveres que um guerreiro do Caranguejo pode receber, e entre os mais cobiçados. A expectativa de sobrevivência daqueles lá servindo variam consideravelmente em relação ao local da Muralha em que se serve, mas não havia seção, nem sequer um simples quilômetro que poderia ser considerado seguro. Em qualquer ponto, um sentinela poderia ouvir o distante barulho das profundezas das Terras Sombrias, e o alarme seria soado. Por várias vezes ao longo dos séculos, as forças sinistras de Fu Leng investiram contra a Muralha, e em todas as vezes o Caranguejo as empurrou para trás. Baixas eram inevitáveis, certamente, mas os filhos de Hida nunca se intimidaram com o terrível som que emanava do sul.

Hoje, porém, o trovão veio do norte. Os sentinelas se prepararam ao seu som, e se aprontavam para sinalizar a seus irmãos ao longo da Muralha que outro ataque estava por vir. Quando ainda se preparavam para acender as fogueiras de sinalização e enviar corredores, porém, os guerreiros do Caranguejo observaram em confusão, procurando no horizonte ao sul qualquer sinal de um inimigo. Então, devagar, eles se viraram para o norte.

O trovão era cavalaria, cerca de duzentos ou trezentos. Os sentinelas se tensionaram, olhando um para o outro e preparando-se para um ataque. Não foi até que o exército se aproximasse e a bandeira do Imperador fosse vista que um alívio percorreu a Muralha. Os defensores do Imperador finalmente chegaram.

Um homem não se aliviou. Yasuki Jinn-Kuen observou a aproximação, então olhou pela Muralha até as Terras Sombrias. Sua expressão era a de um homem pesando custo e benefício, e depois de um momento ele meramente mexeu sua cabeça em resignação. Ele se virou de volta para o exército que avançava e levantou uma mão em saudação assim que se aproximaram. “Salve, Yasuki Hachi-sama. Campeão de Esmeralda.”

Um aparentemente exausto Hachi saltou de sua montaria, limpando a poeira e transpiração de sua face. “Jinn-Kuen,” ele assentiu. “Precisaremos de novos cavalos. Esses em que estivemos montando quase não pararam desde as terras do Escorpião. Eles precisam de descanso e água ou morrerão.”

“Esperava por isso,” disse Jinn-Kuen, olhando sobre seu ombro para outros Caranguejo enquanto Hachi mencionava o Escorpião. “Fiz os arranjos necessários.” Ele apontou para um grupo de jovens, que avançavam e começavam a levar os obviamente exaustos cavalos embora. “A jade que prometi está pronta. Sairemos assim que estiverem prontos.”

“Estamos prontos agora.” Insistiu Hachi.”

“Não.” Um corpulento samurai do Unicórnio saltou e relutantemente entregou seu cavalo à criança do Caranguejo. “Os homens estão muito cansados, Hachi. Eles precisam descansar.”

“Não há tempo,” disse Hachi secamente. “O Imperador precisa de nós agora. Já pode ser muito tarde.”

“Muito bem,” disse Moto Chen. “E quando chegarmos ao Imperador, assumindo que aqueles ratos gigantes possam nos levar até onde eles dizem, estaremos todos muito fracos de fome e exaustão para erguer nossas armas em sua defesa.”

Hachi suspirou. “Não há tempo, Chen,” ele repetiu.

“Se sairmos agora, todo homem e mulher dessa força perecerá, possivelmente antes que cheguemos à Tumba e certamente pouco depois de nossa chegada.” Chen olhou ao Campeão inabalado. “O que é mais importante para você, sucesso ou pontualidade?”

O semblante de Hachi pareceu irritado, então assumiu uma expressão de quase completo desespero. “Três horas,” ele disse irritado. “Diga a eles.”

Chen assentiu. “Você não se arrependerá dessa decisão,” ele disse, e se virou para providencia-la.

“Hachi-sama,” disse Jinn-Kuen calmamente enquanto o Campeão se virava. “Podemos ter um problema.”

Hachi sorriu levemente. “E o que poderia ser?”

Jinn-Kuen apontou diretamente para as dúzias de guerreiros armadurados do Escorpião entre as forças de Hachi. “Esses homens ao tem permissão de acamparem em qualquer lugar das terras do Caranguejo. Sugiro que mantenha-os sob vigilância para evitar... Complicações.”

“Lorde Kuon deu ordens,” começou Hachi.

“Sim,” interrompeu Jinn-Kuen, “Ele deu ordens para que suas forças fossem livres para viajar por nossas terras e que você deve receber qualquer suprimento que precise. Elas não mencionam qualquer coisa sobre hospitalidade, e garanto que não há nenhuma a ser dada para o Escorpião. Temos tido uma... Digamos, infestação de assassinos nos últimos meses.

“Esses homens são guerreiros,” disse Hachi, apontando às suas pesadas armas e armaduras. “Eles são soldados, não assassinos. Dificilmente pulariam entre telhados com uma espada envenenada numa mão e má vontade na outra quando se está usando vinte quilos de armadura lacada.”

“Aparências enganam,” disse Jinn-Kuen.

“Garanta que sejam alimentados e hospedados,” sentenciou Hachi. “Qualquer um que proteste será executado por traição.”

Jinn-Kuen curvou-se grato. “Como desejar,” ele disse.

De acordo com o plano, três horas depois as forças de Hachi, supridas por aqueles do Caranguejo e portando uma adequada quantidade de jade para proteger a força inteira, passou pelo raramente aberto portão na Grande Muralha e começaram a árdua jornada para o sul. E se os vigias do Caranguejo descobrissem que o Escorpião deixou sua armadura para trás, isso não seria problema das forças de Hachi.





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Em pouco mais de um dia de cavalgada dentro das Terras Sombrias, o exército parou brevemente por um momento para deixar os cavalos recuperarem o fôlego. Apesar do intenso ritmo que o Caranguejo insistia, os animais estavam cobertos em transpiração e com respiração ofegante. Chen desmontou e caminhou em linha, procurando por qualquer um que estivesse em condições ruins o bastante para mudar para o número limitado de cavalos descansados tragos pelo grupo.

Hachi observou em silêncio, mexendo a cabeça. As intenções do homem eram nobres, mas inúteis afinal. O Campeão de Esmeralda sabia muito bem que os corcéis não sobreviveriam à viagem. De fato, ele pensava se os cavaleiros sobreviveriam também.

Sekawa se pôs ao lado de Hachi e olhou para o horizonte. “Este lugar é pior que minhas mais sombrias expectativas,” ele disse em voz baixa. “Como pode algo sobreviver aqui? Como pode o Imperador estar vivo?”

“Ele precisa estar,” disse Hachi. “Não posso crer no contrário.” Ele se virou para o Nezumi próximo à dianteiro do exército, farejando o ar cuidadosamente. “Krn’n,” ele chamou. “Onde estamos?”

Os bigodes do batedor tremeram. “Estamos aqui,” ele disse redundantemente.

Hachi se enfureceu, apertando as rédeas tão forte que seus punhos ficaram brancos. “O que quero dizer,” ele disse devagar, “é que gostaria de saber se estamos no caminho certo.”

“Ah,” disse o batedor da Pata Trêmula. Ele se virou e começou uma curta converta com o batedor do Fêmur Quebrado, que apontou ao sul. Krn’n então retirou um gasto manuscrito e o olhou cuidadosamente. “Sim,” ele disse finalmente. “Batedor diz que o Chefe-dos-Chefes humano veio por este caminho. Mapa diz que este caminho certo também.”

Os olhos de Sekawa se arregalaram. “Posso ver o mapa, por favor?”

Os olhos do batedor de apertaram. Sekawa sorriu e puxou um broche decorativo da lapela de seu kimono. “Só quero vê-lo por um momento, então o devolverei. Como pagamento, você pode ficar com isso.” Ele jogou o broche ao batedor, que o examinou atentamente, então ofereceu cuidadosamente o manuscrito ao Campeão de Jade.

Hachi olhou sob o ombro de Sekawa curiosamente. “Para o que ele estava olhando. O que é isso?”

Sekawa passou sua mão pelo antigo pergaminho delicadamente. “Isso é... Isso é antigo,” ele disse, sem fôlego. “Muito antigo.” Ele olhou para o batedor. “Onde você achou isso?”

“Tribo encontrar na grande-grande floresta, muitos ontens atrás,” o batedor retraiu-se. Ele pôs o broche em sua boca cuidadosamente, como que se testando o metal. “Antiga toca humana.”

“Hachi,” disse Sekawa, virando-se para deixar que o Campeão de Esmeralda visse. “Veja isso.” Ele apontou ao grande corvo carimbado numa perfeita, um pouco gasta, impressão na parte baixa. “Você reconhece isso?”

“Não seja ridículo,” ignorou Hachi. “Isso não pode ser genuíno. É uma fraude.”

“Esta é a marca que Shinsei usava em suas escrituras,” insistiu Sekawa. “A vi nos antigos registros guardados pela Irmandade. Se for uma fraude, é perfeita. E a idade desse manuscrito... Não me lembro da última vez em que vi algo tão antigo.”

“Está sugerindo que Shinsei criou um mapa para a tumba, e que os Nezumis vieram a acha-lo justo quando precisamos? Você não acha a idéia completamente absurda?”

“Acharia uma vez,” concordou Sekawa. “Não mais. O destino é uma força poderosa. Nenhum de nós pode lutar contra ela.”

“Não é o destino que eu temo,” disse Hachi. Ele se virou e levantou sua mão, sinalizando ao grupo que estava se movendo. Ele se virou e esticou o pescoço, franzindo sua visão. “Estamos perto. Espero que cheguemos à tumba antes que a tempestade chegue. Não quero ser pego na chuva neste lugar.”

“Tempestade?” estranhou Sekawa.

“Ouço relâmpagos ao longe,” disse Hachi, assentindo em direção ao sudeste.

“Isso não é tempestade,” disse Chen obscuramente. “Quem dera fosse.”





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Hachi se encolheu e preparou-se para a morte. Ele sussurrou uma rápida prece aos seus ancestrais e a quaisquer Fortunas que estivessem nesse corrompido e maligno lugar. Muitas vezes nos últimos anos, ele esteve perto da morte. Nenhuma foi teve uma certeza tão absoluta e resoluta quanto este momento. Hachi morreria aqui. Não havia como escapar.

Um exército de onis corria pela planície em direção à tumba. Hachi podia vê-los, mesmo à essa distância, correndo para a enorme tumba que seu exército defenderia. Ele podia ver os tentáculos de debatendo e os braços deformados rasgando o chão. Ele podia ver as mandíbulas obscenas e os olhos mortos e sem visão. Ele podia ver a morte se aproximando. Não importava. Tudo que importava era que morreria a serviço do Imperador. Isso era melhor do que o que ele merecia.

“Hachi-sama!”

O Campeão de Esmeralda se virou para o sul, foi difícil tirar seus olhos do horror que avançava sobre eles. Um de seus homens, um Fênix, estava apontando para o sul. Hachi se esforçou e franziu-se, tentando ver algo que pudesse ser de interesse. E então ele viu.

Cavalaria. Uma centena, talvez mais. Eram os Perdidos, correndo em direção a eles com velocidade maior ainda que os onis. Hachi respirou, mas sentiu um pequeno desespero com a visão. Ele já havia se resignado à morte. O que lhe importava era que seu quinhão de morte havia chegado. “Preparem-se para receber a investida,” ele ordenou. Ele não especificou qual investida.

A cavalaria dos Perdidos se aproximava a cada segundo, e logo ficou evidente que chegariam à tumba consideravelmente mais rápido que os onis. Hachi e Chen ordenaram que seus homens se virassem, posicionando suas dianteiras para receberem os Perdidos ao invés dos onis. Hachi sabia que assim que suas forças fossem flanqueadas haveriam segundos, mas antes viver segundos livres que lutar para perecer sem chance. “Essa noite nos encontraremos com nossos ancestrais” ele gritou para sua formação. “Ficaremos orgulhosos, ou envergonhados?”

O rugido que se levantou de seus homens não demonstrava uma sombra sequer de medo. Eles ergueram suas espadas e gritaram aos céus que estavam chegando, e naquele momento Hachi sentiu ainda mais orgulho. Ele sabia que era uma mentira. Eles estavam com medo de morrerem naquele lugar, e que se levantariam novamente como abominações. Mas se deve ser aqui, em defesa do próprio Imperador, então que assim seja. Ele ergueu sua espada também, então correu para assumir a dianteira, sua postura preparada para enfrentar um duelo. Os Perdidos estavam quase sobre eles. Hachi podia distinguir a face de seus líderes.

Daigotsu Rekai, a traidora.

Moto Tsume, a abominação.

No último momento, os Perdidos se viraram repentinamente para o leste, deixando Hachi e suas forças tossindo a poeira que levantaram sobre eles como uma onda. Hachi caminhou para frente, enfurecido pelo desrespeito de seus inimigos, então observou atento enquanto a cavalaria dos Perdidos investia na horda de onis. Os gritos e rugidos do encontro das duas forças foi quase esmagador, mas Hachi sabia que agora havia uma chance para seus homens alcançarem a vitória hoje.

“Carga!” ele gritou. “Carga! Morte aos demônios! Lancem-los de volta ao poço!”

Pela primeira vez desde que passou pela Grande Muralha, Hachi sentiu um despontar de esperança.
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Post  Renato Thu Jul 17, 2008 5:55 pm

O oni era diferente de qualquer coisa que já havia visto. Era gigantesco, com quase seis metros de altura, mas retorcido por todo o corpo. Enquanto se movia pelo campo de batalha, matava tudo em que tocava. Mirumoto Hirohisa olhou enquanto a fera partiu um guerreiro do Caranguejo em dois, então observou atento enquanto o braço que a coisa usou para destruir seu oponente mudava, adotando as cores familiares da armadura do Caranguejo e os espessos espinhos que a adornavam. Com outro braço, dilacerou um Escorpião, e o braço ficou listrado de preto e vermelho, mais fino e mais rápido. Era uma perfeita máquina de matar, bebendo a essência de tudo em que tocava e usando-a para matar de novo. Hirohisa pensava em como a besta podia ser morta ou ao menos enfraquecida.

Uma sombra surgiu no campo de batalha, rasgando o braço da criatura e passando para o seu pescoço, quase não havia cabeça no topo dele no momento. Houve um flash de brilho de aço da sombra e ela se foi, saltando e desaparecendo na batalha caótica mais uma vez. Um grosso e preto muco jorrou da ferida que a sombra causou, e a carne da besta se rasgou na forma das dúzias que já havia matado. Ela procurava por seu inimigo, mas não achou nada.

A sombra apareceu de novo, o brilho de aço cortou fundo novamente, mas dessa vez a besta absorveu velocidade o bastante para cortar o atacante. O pequeno guerreiro Escorpião caiu rolando, finalmente lento o bastante para que Hirohisa distinguisse sua forma. Mesmo daqui ele podia ver o corte no lado dela. A coisa bestial rugia em cólera, apesar de como ela o fazia sem boca ser desconhecido para Hirohisa, e pendia para frente para esmagar o Escorpião com suas pernas de árvore.

Hirohisa se moveu imediatamente. Ele investiu entre os cadáveres e as rochas pontudas, tentando pensar em nada além de sua tarefa. A morte certa foi posta de lado. O único pensamento era a esperança de sobreviver a esta batalha, a guerra contra a Garça, e ver sua torre sentinela de novo. Hirohisa odiava seu posto lá por grande parte de seu tempo de serviço, mas ele ansiava sua quieta serenidade agora. A vida não perdeu sua ironia.

“Shun!” Ele gritou, saltando sobre um baixo e repugnante oni que tentava inutilmente agarra-lo com seus tentáculos. “Shun, agüente!” Ele se atirou no rapidamente decrescente espaço entre o Escorpião e a morte esmagadora acima dela, agarrando seu braço e girando para evitar a perna do oni. Ele sentiu a mão de Shun se fechar com a sua, e então rolou, imaginando se as pontas das pedras em suas costas e ombros o infectariam com a Mácula.

Ele estava de pé num instante, gritando triunfante enquanto olhava para o oni. Seu sorriso desapareceu quando viu o sangue escorrendo do pé da cosia. Ele olhou para Shun, para só então perceber que não foi rápido o bastante. Ele jogou o troféu amputado e sacou novamente suas espadas. “Você morre hoje, besta,” ele disse sob sua respiração.





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A uma curta distância dali, o xamã Nezumi Chitik observou com desgosto o guerreiro Dragão investir e se retirar, tentando matar a besta muito maior. Qualquer um com bom senso veria que a coisa era muito grande. Um guerreiro tenta matar um urso? Claro que não. Ridículo.

“Ajude-me, criatura!” um humano sibilou. O homem não parecia familiar, e seus mantos estavam cheios de coisas que humanos tentam evitar. “Devemos derrubar o demônio!”

Os olhos de Chitik se desviaram, mas ele foi pago para ajudar os humanos. Muito bem pago, na verdade. “O que você quer que Chitik faça?” ele perguntou cautelosamente.

“O nome do demônio é poderoso!” disse o humano, apontando à criatura. “Mas é sua fraqueza também! Juntos podemos derruba-lo!”

Os bigodes do xamã se agitaram involuntariamente. Esse é o tipo de coisa que realmente pode fazer o nome de alguém ser de fato poderoso. “O que eu faço?”

“Seu nome!” gritou o humano. “Seu nome é Yojireru no Oni! Tente toma-lo!”

Chitik franziu-se. Esse tipo de magia estava além de comparações, apesar de ter sido convencido pelos humanos do contrário. Mesmo sob tais circunstâncias, ele dificilmente podia revelar seu segredo; ele podia nunca ser pago! “Chitik irá!” ele proclamou orgulhosamente, imaginando o que faria.

O xamã procurou pelo poder no Nome e acessou o de seu inimigo. Era tão poderoso! Chitik nunca sentiu nada assim antes. O demônio tinha um Nome incrivelmente forte, e muitos outros Nomes menores ao seu lado! Era como se os devorasse, roubando pedaços e fragmentos dos outros que derrotava. Chitik imaginou o sacrilégio disso. Haviam limites para o que um Nezumi pode suportar, mesmo um como ele!

“Você pode faze-lo?” exigiu o humano.

“Chitik irá!” o xamã rugiu. Ele prendeu o Nome da besta e começou a quebrá-lo pelos cantos, tentando desfazer o tecido que apenas ele e sua magia podia ver. Ele não podia mais ver o mundo normalmente, mas podia ouvir o monstro gritando em dores. Ele o atacou com a selvageria de um berserker do Osso Fendido, jogando seu Nome contra o de um inimigo muito mais poderoso que ele!

“O que está havendo?” sibilou o humano. “Está funcionando?”

“Muito forte!” gritou Chitik depois de vários momentos. “Chitik não pode agüentar!”

“Ainda está conectado?” disse o humano, agarrando o pêlo do xamã em seu ombro. “Está conectado a ele?”

“Sim!” disse Chitik entre dentes cerrados.

“Bom.” Houve um repentino espeto e pressão nas costas de Chitik. Ele se sentiu zonzo,e houve a sensação de líquido escorrendo pelas suas costas. “Estão isso ferirá o demônio também.”

De acordo com as palavras do humano, o demônio rugiu ainda mais alto, tremendo e caindo ao chão onde se agitava incontrolavelmente. Chitik sentiu a fraqueza o percorrer, passando dele para o oni, então escorrendo devagar pelo chão.

“Nossas ordens foram de ajudar os samurais,” Chuda Isokuro disse com um sorriso maligno. “Você dificilmente conta, eu acho. Sacrifícios devem ser feitos, independente disso.”

Enquanto ele se deitava ao chão, sua vida escorria, Chitik imaginava se talvez os humanos ao menos enviariam o pagamento à sua tribo.





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Hiruma Sakimi bradava com satisfação enquanto arrancava seu tetsubo do crânio de um demônio. Ela ouviu o grito de alarme detrás dela, mesmo entre o caos que a cercava. A batedora se virou um pequeno grupo das forças de Hachi separado do grupo principal. Um deles, um Miya pelas suas insígnias, estava valentemente afastando um grupo de pequenas aberrações com uma mão enquanto segurava a bandeira no alto. Sakimi detestou a idéia, certa de que o Heraldo estava jogando sua vida fora por um estandarte, até que viu a insígnia: um brilhante sol de meio dia iluminando o crisântemo Imperial.

Era o estandarte pessoal do Imperador, portado por seus servos entre as famílias Imperiais.

Sakimi gritou, tentando distrair as criaturas assaltando o heráldico, mas sem sucesso. Enquanto ainda corria em direção a ele, ela viu as criaturas cortarem sua perna repetidas vezes, mas ele não desistia. Ele golpeava sua espada de novo e de novo, abrindo seu caminho por entre elas. Assim que pareceu emergir vitorioso, uma sombra saltou sobre ele, Sakimi gritou em aviso, mas era tarde. Um sanru no oni alado deu um rasante e arrancou sua cabeça com um simples golpe suas poderosas garras.

“Maldito!” xingou Sakimi. Ela saltou sobre um apoio e se atirou no ar com toda força que restava em suas pernas. Ela cruzou a curta distância entre os dois, arrancando o braço e a perna esquerda do sanru no oni com sua katana no caminho. Ela aterrissou desastrosamente na poeira e lama avermelhada e soltou seu tetsubo, tentando deixar sua mão livre antes que caísse no chão. É um crime para alguém que não tenha sangue Imperial tocar tão sagrado artefato, mas Sakimi não se importava. Melhor ela ser punida pelo seu crime que o estandarte do Imperador cair na terra ensangüentada tão distante de seu palácio. Sakimi berrou um grito de guerra e investiu ao corpo principal do exército, sua espada numa mão e o estandarte na outra.





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“Hachi!” rugiu Chen. “Não podemos detê-los par sempre!”

“Não precisamos!” gritou Hachi. “Reúna os oficiais! Estamos indo atrás do Imperador!”

“O que?” exigiu Chen. “De que adiantará?”

“Devemos saber o que está dentro da Tumba!” respondeu Sekawa. “Se ele ficar lá dentro muito tempo, podemos nos retirar mais para dentro e desmoronar a entrada! Se não, devemos estar prontos para irmos embora o mais rápido possível! Independente disso, ele pode estar ferido ou precisando de ajuda!”

“Pois bem!” berrou Chen. “Oficiais, comigo! Matsu Takuya, segure a linha!”

O jovem oficial do Leão saudou brevemente, então se virou para rasgar outro oni. Ele olhou para Benika. “Vá!” ele gritou. “Cuidarei de seu orgulho!”

“Eles não lhe obedecerão!” respondeu a mestra de feras.

“Não precisam!” respondeu Takuya. “Eles só precisam seguir!” Com isso, o jovem Leão saltou sobre um demônio com quase três vezes o seu tamanho golpeando com sua espada repetidamente, enquanto bradava um antigo grito de guerra Matsu. Os leões, já embriagados pelo gosto do sangue, seguiram o comportamento e saltaram na besta, rasgando-a com suas garras e dentes. Benika gritou em gosto, então virou-se e seguiu Chen, Hachi e Sekawa para a tumba.

Vagarosamente, os defensores do Imperador diminuíam, entrando na tumba em duplas ou trios, até que se perdiam em suas profundezas, procurando o Imperador em meio às sombras que não foram perturbadas em mil anos.

A batalha continuava.



Eles encontraram o Imperador dentro da tumba, numa câmara sombria cheia de estranhos e antigos artefatos cobertos com espessas camadas de poeira. “Meu Imperador,” disse Hachi, sem fôlego, caindo sobre um joelho. “Você está bem?”

O Imperador não deu sinal de ter ouvido o Campeão de Esmeralda. “Esses são sinais deixados para nós,” ele sussurrou. Sob seu braço ele tinha um grosso manuscrito, descolorido e gasto pelas eras. “Esses são os caminhos que devemos escolher.”

“Imperador-chefe!” um chefe de guerra do Fêmur Quebrado gritou em alta voz. Ele apontou ao campo de batalha acima deles enquanto um ruído de trovão derramou poeira do teto acima deles. “Ouça!”

Naseru baixou sua cabeça e ouviu. Mesmo dessas profundezas, ele podia ouvir o rugido de onis, e os gritos de samurais agonizantes. Homens e mulheres estavam dando suas vidas por ele nesse momento, apenas a uma curta distância dali. “Os demônios viram por mim,” ele disse. Não era uma pergunta.

“Sim,” confirmou Chen, sua expressão era triste.

“Não há tempo para fuga?” perguntou Naseru.

“Não,” disse Chen, obscuramente. “São muitos, e muito próximos. Eles nos perseguirão e matarão a todos. Ainda assim, devemos tentar.”

“Não,” disse o Imperador, convicto. Ele apontou aos artefatos espalhados pela câmara. “Leve-os. Devolva-os ao Império. Examine-os, e os mantenham seguros. Eles são nossa salvação. Eles são a chave para manter a própria sobrevivência de Rokugan.”

“Perdoe-me, meu Imperador, mas talvez você não tenha entendido,” disse Chen cautelosamente. “Há uma legião de demônios sobre nós. Seu número é incontável. Não podemos escapar.”

“Há um meio,” disse Naseru. “Um meio e o único restante.” Ele passou o manuscrito que estava sob seu braço para Sekawa e sussurrou algo ao Campeão de Jade. Sekawa olhou para ele, confuso. “Ganharemos o tempo que precisam para levar esses itens de volta ao Império dando aos demônios o que mais desejam.”

Hachi franziu-se. “O que é, Toturi-sama?”

Toturi Naseru sacou sua espada. “Minha morte.”

No campo de batalha acima, o céu escurecia enquanto uma sombra escura tampava o sol

A SER CONCLUÍDO
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Post  Renato Thu Jul 17, 2008 5:58 pm

Batalha da Tumba, Parte 4


[align=right]Por Shawn Carman
Editado por Fred Wan
Traduzido por Thiago Hayashi
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Dentro da Tumba dos Sete Trovões, profundezas das Terras Sombrias
A câmara estava tão silenciosa como um túmulo. Ninguém falava. Ninguém ousava se mexer, exceto pelo guerreiro Nezumi que farejava os antigos artefatos espalhados na sala. O Imperador estava no centro da tumba, sua espada em mãos. Ele olhou para cada um dos outros samurais reunidos estaticamente.

“Não,” disse Yasuki Hachi fortemente.

“Você recebeu uma ordem de seu Imperador,” disse Toturi Naseru. “você deve levar esses objetos e sair imediatamente. Eu lhes darei o tempo de que precisam para retornar ao Império, mas devem sair agora.”

“Não,” repetiu Hachi. “Não te deixarei.”

“Não temos tempo para isso!” disse o Imperador vigorosamente. “Você é meu Campeão de Esmeralda! Seu único dever é obedecer meu comando sem questionar!”

Hachi imediatamente arrancou o mon do crisântemo de seu kimono e o jogou no chão. “Não sou mais seu Campeão, então. Não te deixarei.”

Por um momento, uma fúria ardeu no olho do Imperador. Sua mão se fechou como se fosse bater em Hachi, mas o guerreiro da Garça não se abalou. Então, assim como apareceu imediatamente, a fúria do Imperador se foi. “Muito bem,” ele disse calmamente. “Estarei honrado em tê-lo do meu lado, Hachi. Mas os outros devem ir agora.”

Hachi se virou. “Chen, leve-os para fora daqui. Pegue os objetos e vá.”

Moto Chen concordou e se moveu para frente, pegando uma estatueta de jade que brilhava intensamente apesar dos anos de poeira a cobrindo. “Façam como mandou o Imperador,” ele gritou. “Sairemos agora.”

Asahina Sekawa deu um passo à frente e moveu sua cabeça. “Ficarei com você, meu Imperador, e com Hachi-sama.”

“Não,” disseram Hachi e o Imperador ao mesmo tempo. Hachi andou para frente e olhou firmemente para seu amigo. “Qualquer um que fique aqui, morrerá,” ele disse com calma. “Se seu ficar, morrerei. Se eu for com vocês, serei apenas mais uma espada e provavelmente morrerei também. Se você ficar, você morrerá. Mas se for com eles, eles têm uma chance. O poder que você tem pode fazer a diferença entre a morte e sobrevivência deles. Salve-os, Sekawa.”

O Campeão de Jade curvou-se e moveu a cabeça.

Naseru pegou Sekawa pelo ombro, seu olho queimando ardentemente enquanto olhava nas profundezas da alma de Sekawa. “Os manuscritos,” sibilou ele, apontando para o espesso volume que deu ao shugenja momentos antes. “Leve-os. Leia-os.” Ele se aproximou, sua mão apertando o ombro do Garça. “Compreenda,” ele sussurrou. “É nossa única chance.”

Sekawa olhou de volta para o Imperador, olhou na absoluta certeza e inquestionável resolução do olho de seu mestre. Não havia nada a fazer diante de tamanha convicção senão concordar em silêncio.

“O que você pensa que está fazendo?” alguém rosnou. O Imperador se virou para ver um lívido Daidoji Kikaze, espada quase sacada, de frente a uma mulher obscuramente bela que estava na entrada da Tumba. “Como ousa entrar nesse lugar?”

“Olá, meu filho,” a mulher disse com um sorriso tímido. Sua mão próxima à espada também, mas ela não a sacou. “Dificilmente acho que essa seja a hora.”

“Rekai,” disse Sekawa, o manuscrito sob seu braço esquecido.

Ódio incontido queimou no rosto de Rekai ao ver o Campeão de Jade. “Sekawa,” ela cuspiu.

“Silêncio,” disse o Imperador. “Rekai, por que veio até aqui?”

“A batalha vai mal,” ela disse fortemente. “Talvez só tenhamos momentos.”

Naseru concordou com tristeza. “Pode guiar esses homens de volta à Muralha? Pode leva-los em segurança?”

Rekai desdenhou. “Se eu quiser.”

“Então o faça,” comandou Naseru. “Eles não irão feri-la.” Ele apontou para as estantes baixas cheias de estranhos objetos. “Leve o que quiser daqui. É seu, como pagamento.”

“Meu senhor!” disse Sekawa. “Com certeza você não pode...”

“Não há mais nada que possa ser facilmente carregado!” disse Naseru. “Esta tumba em breve será pouco mais que destroços, e tudo que não for salvo será perdido! O que é melhor, Sekawa, que tudo seja destruído para sempre, ou que esteja perdido nas Terras Sombrias, de onde poderá um dia ser recuperado?”

“Certamente,” disse Sekawa, se curvando. “Minhas desculpas, meu senhor.”

“Suas desculpas são desnecessárias, contanto que saia imediatamente.” Ele se virou para os outros. “Contanto que Rekai mantenha sua promessa, ela não deve ser ferida.”

“Cavalgaremos, meu senhor,” disse Chen, curvando-se profundamente. “Que as Fortunas olhem por vocês.”



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Fora da tumba, Moshi Sayoko levantou sua mão e invocou pelos kamis. Eles responderam, e um surto de luz saltou de sua mão para incinerar um oni. O trovão não era tão poderoso quanto esperava, e não se prolongou aos outros correndo para ela. Os kamis ali eram escassos e fracos, e Sayoko podia ouvir o ruído dos espíritos em seus ouvidos, prometendo-a todo poder de que precisava, tentando-a para invoca-los. Ela não o faria. Ela era uma Amazona da Tempestade, e os Cavaleiros da Tempestade nunca sucumbem à fraqueza.

O oni se debruçou sobre ela. Sayoko invocou pelos kamis, mas não havia nenhum que a respondesse. Com um grito de desafio, ela sacou sua faca e se preparou para os demônios que viriam. Eles não a desapontaram. Uma onda de criaturas investiu sobre ela, rasgando e despedaçando-a. Ela pôde senti-los quebrando-a, pesando sobre ela, esmagando-a sob seu peso. A dor era muito forte, e ela começou a escorrer na escuridão.

Algo estava havendo. Havia ruídos de ira e dor, e o peso diminuíra. Uma das criaturas diretamente sobre ela foi rachada ao meio, gritando como se fosse primeiro levantada ao ar, então rasgada por uma brilhante espada de aço. Ela se esforçou para erguer a cabeça, limpando o sangue de seu olho esquerdo vazado com o que restou de sua manga.

“Levante!” gritou um guerreiro do Unicórnio. “Levante-se, Mantis, e lute por sua vida!” Ele estava usando o mon dos Shinjo, e Sayoko pensou e se lembrou que seu nome era Turong. Ela se pôs de pé, tudo doía além de sua habilidade para agüentar.

“Tudo está escuro,” ela coaxou, muito mal atacando um dos onis em fuga.

“O sol se tornou negro!” respondeu Turong. “O fim está sobre nós!”

Pareceu que por um momento a própria terra estava mexendo e rolando, e Sayoko se esforçou para manter seu equilíbrio. Ela olhou para Turong, e sua mente se limpou por um momento enquanto ela percebia que ele estava tremendo também. Ele olhou para seus inimigos para ver as coisas horrendas tremendo enquanto literalmente caíam pelo tremor tempestuoso da terra. “O que...” ela sussurrou. “O que está havendo?”

“Oh, não,” disse Turong, sua voz quase que a um suspiro. “Oh, Fortunas.”

Confusa, Sayoko seguiu seu olhar ao horizonte. Primeiramente confusa, pois parecia que havia uma montanha ruindo à distância, mudando e movendo-se enquanto as pedras que a construíam caíam uma sobre a outra. Sua mente clareou por um instante e ela percebeu que o que ela via não era uma montanha, e que não estava tão longe assim.

Um oni maior que qualquer samurai que tenha visto estava se arrastando inexoravelmente para a batalha. Suas pegadas faziam a terra tremer, e sua imensa, gigantesca mandíbula era vasta o bastante para engolir talvez um exército inteiro, ou mesmo a própria tumba. Ainda pior, com o desaparecimento do Lorde Sol, o brilho nos olhos da criatura era evidente mesmo à distância. Ele demonstrava uma inteligência maligna. Esta não era uma fera dementada. “Eu vi essa coisa antes,” disse Turong, “quando fui um visitante no Kyuden Hida. Este é Maw, a razão pela qual a Grande Muralha foi crida.” Ele se virou para Sayoko com uma expressão desesperada. “Estamos perdidos.”

Sayoko se ajoelhou e recuperou sua faca caída, quase desmaiando pois a ação fizera sua cabeça rodar. Turong a agarrou e a pôs de pé, então quase perdeu o equilíbrio também quando o tremor de terra redobrou. Ambos se agarraram um ao outro enquanto procuravam a fonte de suas dificuldades.

Um segundo oni, igualmente grande ao primeiro, veio se arrastando do sul, a mesma direção da qual os Perdidos chegaram. Este tinha chifres gigantescos saídos de seu crânio, e uma pequena quantidade de cabelo que poderia ter sido uma floresta. Três línguas de chamas tremulavam de sua boca enquanto agitava suas garras em fúria. Uma cauda massiva se debatia por trás, chicoteando entre os onis enquanto investia sob sua presa. Sayoko viu uma dúzia de onis, cada um maior que dois homens, arremessados no ar pelo ataque desavisado da cauda. As duas criaturas massivas rugiram uma para a outra. O som queimou os ouvidos de Sayoko, e ela sabia instintivamente que essa era a língua primata do Jigoku, a língua dos demônios.

Os dois demônios titânicos colidiram com tamanha força que uma onda, como um tsunami que Sayoko viu quando criança, explodiu entre as legiões de onis entre as duas monstruosidades e o exército de samurais. A última coisa que Sayoko viu foi a onda explodindo por sobre eles, e Turong mergulhando na sua frente, e então tudo escureceu.





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Kikaze falara pouco aos outros samurais no grupo, e à mulher de vestido preto que os conduzia. Pacientemente ele manobrou seu cavalo até que estivesse atrás do dela, e então ele procurou em sua manga por um pequeno par de finas adagas afiadas com jade. Um olhar furtivo lhe disse que a jade começava a apodrecer, mas ainda estava pura. O bastante, talvez. Seria o bastante. Agarrando fortemente a adaga, ele começou a acelerar seu cavalo.

O galope selvagem do cavalo fazia uma mira acurada impossível. Kikaze esperou, esperou pelo momento perfeito, mas ele não chegava, e ele não poderia esperar para sempre. Cada momento que se passava era mais uma chance dada a Rekai para que os traísse, para leva-los a uma emboscada. Os outros poderiam ser tolos de acreditar nela, mas certamente ele não. Finalmente ergueu a primeira faca e a deixou voar.

Sua mira não foi tão boa. Errou por meros centímetros, talvez arranhando-a ao longo do blindado ombro dela enquanto passava. A cabeça dela se virou, um olhar de interesse em seu rosto. Kikaze não titubeou e preparou a segunda faca.

“Kikaze-san, o que em nome de Lady Doji você está fazendo?”

A voz de Sekawa foi clara e alta o bastante para ser ouvida além do som rítmico dos cavalos galopantes. Em questão de momentos, o grupo havia parado, e Kikaze se achou no centro de suas atenções. Seu primeiro instinto foi esconder a adaga, mas ao invés disso, ele a ergueu para que todos vissem. “Em nome de Lady Doji,” ele grifou as palavras, “Estou terminando com as vergonhas de nosso clã.”

“Incompetente como sempre, pelo que posso ver,” comentou Rekai. “Kosaten Shiro agüentou os exércitos do Leão por séculos, e você o perdeu para uma força expedicionária do Dragão.”

O rosto de Kikaze ficou vermelho, então pálido como ossos. Um músculo pareceu saltar de seu queixo. “E agora, incapaz de terminar um simples assassinato.” A voz de Rekai se afiou. “Típico de um de seus assoladores. Incapaz até mesmo de manter sua palavra de honra.”

“Minha palavra para alguém como você não quer dizer nada,” disse Kikaze.

“Sua palavra não significa nada para ninguém,” disse Rekai friamente. “Você não é digno do sacrifício que fiz.”

“Estou aliviado em saber que pensa assim, Lady Rekai,” disse Sekawa, recebendo olhares dos dois lados. Ele ignorou Kikaze e deu a Rekai o brilho de um olhar de cortesão. “Como Campeão de Jade eu conheci várias pessoas que acreditaram que aceitar a Mácula traria para elas o desejo de seus corações; tendo testemunho de uma fonte informada que isto não é tão voluntário é um pouco prestativo. Não acha, Lady Rekai?”

“Tolo!” gritou Rekai. “Dei mais do que meu coração poderia sonhar. Abracei uma glória que você não pode imaginar.”

Sekawa marcou um ponto de foco na paisagem ao redor deles. “Se você diz,” ele disse educadamente. “Mas o tempo se encurta, e devemos realmente continuar nossa jornada.”

Rekai sorriu. “De fato, você deve. Mas desde que meu filho idiota desfez nosso acordo, viajarão sem minha ajuda.” Houve uma nervosa mudança de palavras e Rosanjin deu a Kikaze um olhar pálido. Jinn-Kuen nervosamente lambeu seus lábios e pareceu estar prestes a falar.

Sekawa falou primeiro. “O que é infeliz,” ele disse. “Provavelmente sobreviveremos sem você, ou pelo menos alguns de nós irão. Qualquer esperança de que seu senhor tinha de que sua petição seja considerada, mesmo por um punhado de simpatizantes, morrerá com sua partida.”

Rekai o encarou. “Não fui enviada por Lorde Daigotsu para ajudar vocês,” ela disse depois de um momento. “Esta é a única razão pela qual eu permaneço.” Ela olhou para Kikaze com nojo. “Uma adaga arremessada nas minhas costas? O que a honra da Garça quer dizer agora? Abençôo Fu Leng pelo dia em que me tirou de tais mentiras delicadas.”

“Peço perdão por perceber que você desejou resignar-se de sua promessa apesar do desgosto, apesar de não poder dizer que estou surpreso,” disse Sekawa. “Entendo que seu filho tem um hábito familiar.”

Rekai olhou para Sekawa, sua face perfeitamente plácida. Chen, Rosanjin, e Aikune seguiram suas palavras. Kikaze mudou seu pulso sobre a adaga. Jinn-Kuen começou a afastar seu cavalo. Sekawa se sentou calmamente, olhando de volta deu à mulher Perdida um olhar sereno. “Os guiarei de volta à Muralha,” ela disse finalmente. “E então, quando nosso acordo estiver concluído, matarei você.” Os olhos dela fixos sob Kikaze. “Vocês dois. São uma desgraça para suas famílias, seu clã e o Imperador que deixaram para morrer.”

Kikaze olhou para ela com ódio nu, mas Sekawa apenas recolheu-se. “Veremos, minha dama.” Rekai virou seu cavalo e o pôs a trotar. Sekawa esperou até que todos exceto os dois Garças que seguiam e então ele suspirou e afrouxou os ombros. “Nunca mais terei medo de Bayushi Kaukatsu de novo,” ele disse ao ar. Ele se virou para o homem ao seu lado. “Kikaze-san,” ele começou. O outro homem resmungou alguma coisa ininteligível e chutou seu cavalo para mover-se. O daimyo dos Asahina observou-o ir e tentou aquietar a premonição que estava em seu coração.
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Post  Renato Thu Jul 17, 2008 5:59 pm

Hachi agachou sob uma garra, a decepou e se virou para achar a mais nova ameaça a sua vida. Ele não sabia quantos ele já matou, mas podia sentir seus números no calor ardente em seus braços. A filosofia de um ataque funcionava mesmo contra a Horda, ele disse certa vez para Yasuki Namika. Mas isso foi quando esteve em Última Esperança de Shinsei, contra um líder inimigo com uma mente e um propósito complexo. Não parecia haver líder entre os onis ali; havia apenas uma massa de indivíduos, todos tendo o mesmo plano simples: matar o Imperador.

Devagar, Hachi recuava. Ele ia morrer ali, ele pensou, assim como ia seu Imperador. Ele foi uma falha como Campeão de Esmeralda, totalmente incapaz de proteger seu senhor. Ele esquivou-se para longe do alcance do oni, sentiu o dano de suas garras em sua armadura. Logo sua força acabaria. A memória da face de Rekai aparecia em sua mente, e ele se viu invejando a mulher Perdida. Ela retirava sua força da mesma fonte profana que os onis, e não enfraqueceria da maneira que ele estava a fraquejar agora. Com a força dela, ele poderia sobreviver a essa luta, salvar o Imperador, poderia...

“Não!” Hachi gritou aos céus. O oni com quem estava lutando era inteligente o bastante para parecer confuso, e ficou olhando para ele até que Hachi o cortasse com um ataque. Ele limpou o sangue de seus olhos, trêmulo. “Honra é minha guia,” ele sussurrou, retirando força de suas palavras calmas. Ele morreria ali, e Jigoku provavelmente reclamaria sua carcaça como fez com a de seu ancestral Tsukuro. Ele não poderia evitar isso. Mas ele não abraçaria a escuridão enquanto ainda vivesse.

Olhando pelo campo de batalha, Hachi viu um grande, grotesco oni que foi posto pelos próprios mortos de joelhos e rugia em desprazer. Ele abriu um longo e fino braço, agarrou um bushi Caranguejo e começou a espreme-lo até a morte. “Hida!” Hachi gritou e investiu ao longo da distância entre eles. O braço do oni estava se moldando em azuladas e encouraçadas placas e assim o senhor Yasuki ignorou o antebraço e saltou para cortar o cotovelo da coisa. O Caranguejo caiu do agora imóvel braço, e Hachi golpeou novamente. Enquanto o fazia, seus pés se tornavam uma rocha espessa e ele caiu seco sob seus joelhos enquanto a dor assaltava-lhe do tornozelo. Hachi a ignorou e se concentrou na mão que se fechava diante dele. Ele rolou para trás num ataque sobre a cabeça e golpeou para baixo, arrancando os dedos e uma parte de uma mão. O oni urrou, sacudindo seus agora inúteis braços no ar, então ele ameaçou usar seus pés. Hachi também já estava de pé próximo a ele, incapaz de andar com seu tornozelo danificado mas sem intenção de morrer de joelhos. Quando viu o oni se aproximando, ele instantaneamente compreendeu o que a criatura estava prestes a fazer, gritou abertamente. “Hida! Doji!” ele berrou, e investiu com uma espada em ponta enquanto o oni se atirou para massacrá-lo.



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Naseru ouviu o grito de batalha e o impacto que o encerrou, e olhando por cima, ele viu o oni prostrado no chão, uma katana fincada em suas costas. “O Campeão de Esmeralda está morto,” ele disse silenciosamente a seu yojimbo.” Yotsu Irie lutou ao seu lado depois que ele emergira da Tumba, dando-o um profundo olhar, e pondo-se ao seu flanco esquerdo. “Ele foi um bom homem.”

“Lhe darei suas recomendações na próxima vez que vê-lo,” ela disse, observando a área em busca de alguma ameaça. A morte levaria a ela e a seu protegido hoje, mas não sem luta. Naseru queria ter a concentração dela. A tatuagem que Togashi Satsu lhe deu começou a pulsar devagar, como o tilintar de um sino de um templo baixo, e aumentava de poder como que se alimentasse de seus pensamentos. Naseru não sabia o que fazer com isso. Satsu pintou um crisântemo em sua pele, de aço e jade, dizendo que o ajudaria a lidar com a Máscara de Porcelana, mas não explicou como. Sabedoria Dragão, pensou o Imperador, deixando algo a desejar.

“Atrás!” gritou Irie, e empurrou Naseru para um lado enquanto cortou uma monstruosidade esverdeada e multi braçal. Ela morreu um momento depois, o oni rasgando-lhe a garganta enquanto seus outros braços prendiam-lhe a espada. Ele deu mais um passo em direção ao Imperador antes que uma flecha de jade voasse pelo ar e se encravasse em sua face. Tsuruchi Etsui deixou mais três flechas voarem antes do oni finalmente cair. O arqueiro esperou pelo momento certo para ter certeza de que ele caiu e correr para onde o Imperador estava ajoelhado.

“Naseru-sama! Levante-se!” disse Etsui.

Naseru olhou para ele devagar. Assim que sua mão caída esbarrou na bolsa que carregava a Máscara, percebeu que ela também estava pulsando. Era uma batida rápida, que compassava contra o ritmo estático da tatuagem, e Naseru percebeu que Satsu estava certo em se preocupar. A Máscara estava livre da Mácula do Jigoku mas não de sua maldade, e abalou seus esforços para restabelecer-se com o poder que a fez.

“Samurai, qual é o seu nome?” perguntou Naseru.

“Tsuruchi Etsui, Imperador-sama.”

“Etsui-san,” disse Naseru, “aproxime-se.” O guerreiro Mantis se aproximou, ,e Naseru gastou preciosos segundos sussurrando fervorosamente a ele, respondendo apenas uma simples pergunta. Quando acabou, ele perguntou, “Compreende?”

“Sim, Imperador-sama,” disse Etsui, “mas...”

“Bom,” disse Naseru. “Odeio me repetir. Agora reúna o que resta de seu exército e vá.”

“Mas os onis...” Começou Etsui.

Naseru mexeu a cabeça. “Um ferreiro precisa de vários martelos mas apenas uma bigorna,” ele disse e pôs a Máscara. Quando o fez, todo oni no campo de batalha parou o que estava fazendo e começou a urrar em dores. Etsui olhou em volta em confusão e então de volta ao Imperador. O olho calmo e cheio de dor de Naseru apareceu por trás da Máscara, e Etsui observou a Máscara começar a erodir em pequenos cacos de porcelana. “Vá,” disse Naseru entre os dentes, sua carne começando a derreter ao redor dos cantos da máscara. A roupa que cobria a tatuagem queimava também. “Não vai demorar agora.”

Tsuruchi Etsui girou em seu calcanhar e correu.





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Chen cavalgava mais rápido do que em qualquer outra vez em sua vida. Ele sabia que os cavalos não sobreviveriam ao passo que estavam mantendo, e por isso ele sentia um genuíno remorso. Nesse caso, ele não tinha escolha senão pesar a vida dos cavalos contra as suas vidas, e em tal situação não havia outra escolha. O retorno à Grande Muralha seria mais rápido do que a saída, principalmente pelo fato de que agora eles sabem exatamente para onde estão indo. Ele estava particularmente enojado em admitir, mesmo que apenas privadamente, que ele e os outros deveriam suas vidas a uma traidora como Rekai, mas ele não se permitiria ficar tão bravo. As faces de Akasha e sua filha pequena vinham freqüentemente à sua mente.

“Chen!”

O general Unicórnio virou-se em sua sela. “O que é, Jinn-Kuen?” ele rugiu sem frear. O Caranguejo estava apontando fervorosamente para trás deles, e Chen se virou para vê-los. Contra o horizonte ele podia ver apenas um número de cavaleiros os seguindo. Eles estavam carregando algo, e Chen diminuiu sua velocidade para tentar ver o que era. Ele forçou a vista, então sinalizou para que o grupo parasse.

“O que é isso?” perguntou Kikaze. Ele olhou para os cavaleiros. “Não podemos espera-los.”

“Eles carregam o estandarte do Imperador,” disse calmamente Shosuro Aroru.

“O Imperador?” Matsu Benika disse sem fôlego. “Ele vive?”

“Só podemos esperar,” disse Rosanjin. “Devemos esperar.”

Os cavaleiros moviam-se a incrível velocidade, seus corcéis esforçados ainda mais pelo medo e também pelo desespero. Numa questão de momentos, eles estavam ali. O fato é que eram menos de uma dúzia, e que o Imperador não estava entre eles, enchendo o coração de Chen de gelo. “Quais as notícias?” ele exigiu. Mesmo enquanto perguntava, um jovem Mantis desmontou e correu para Katoa, sussurrando algo em seu ouvido. Os olhos do velho se arregalaram enquanto o Tsuruchi falava, mas Chen não podia ser tranqüilizado.

Era uma jovem garota Caranguejo que carregava o estandarte. Ela baixou sua cabeça tristemente, e Chen curvou-se em resposta. “Há algum outro sobrevivente?”

“Não,” um oficial Dragão disse. “O campo de batalha está virtualmente vazio. Nada resta, exceto pelos onis que nos seguem.”

“Quantos, Hirohisa?” exigiu Rosanjin.

“Muitos para matar,” disse Hida Benjiro, seu semblante atordoado. “Eles nos alcançarão antes que alcancemos a Muralha. Será perto, mas não perto o bastante. Morreremos dentro da visão da salvação.”

“Não necessariamente,” disse Shiba Aikune. O guerreiro Fênix desmontou e passou as rédeas de seu cavalo a Shinjo Turong, um dos sobreviventes. Turong as pegou e deitou a inconsciente forma de uma Mantis ferida sob a cela. “Não se eles se atrasarem.”

“Não seja tolo!” gritou Benjiro. “Um homem não pode esperar atrasar aqueles monstros!”

“Talvez não,” concordou Aikune. “Mas acho que chegarei a essa conclusão.”

Chen concordou e pulou de seu cavalo. “Leve-os à Muralha, Benjiro. Aikune e eu seguraremos eles aqui o quanto pudermos. Reze às Fortunas, os Lordes da Morte... Qualquer um que esteja ouvindo, para que seja o bastante.”

Houve expressões adversas em muitos, mas apenas um se manifestou. Rosanjin considerou por um momento, então se virou ao general. “Que idade tem sua filha, Chen?”

Chen olhou para ele incredulamente. “Ela tem menos que um ano, mas o que...”

Rosanjin inclinou-se para frente de repente e chutou Chen no queixo. O corpulento Unicórnio caiu ao chão, sem se mover. “Leve-o,” ordenou Rosanjin a Hirohisa. “Ponha-o em seu cavalo. O resto de vocês, movam-se, agora.”

“Não há necessidade para ficar, meu amigo,” Aikune disse com um triste sorriso. “Esta é minha tarefa. Minha redenção, se desejar.”

“Nenhum Fênix encarará a morte sozinho neste lugar enquanto eu ainda respiro,” Rosanjin disse.

O sorriso de Aikune se tornou mais genuíno. “Posso lhe pedir um favor, então?”

“Não precisa pedir.” Rosanjin chamou outro dos Dragões entre os sobreviventes. “Maya, garanta que o artefato de Aikune-san chegue ao seu povo. E garanta que ouçam de seu valor.”

“Farei,” a ise zumi disse com uma curvatura reverente.

“Aroru,” disse Rosanjin. “Estou confiando Hirohisa a manter Chen vivo até que chegue à Muralha. Posso colocar isso sob seus cuidados?” Ele deu a cabeça de dragão de jade com o espelho.

Aroru curvou-se profundamente. “O Dragão sempre foi nosso mais próximo aliado. Será uma grande honra.”

“Agora vão!” ordenou Rosanjin.

Relutantemente, os outros concordaram. Eles montaram seus cavalos e trovejaram para o norte, apressando-se para a distante Muralha que sabiam ser sua única salvação. Assim que a poeira baixou, Rosanjin viu um terceiro homem entre eles. Ele estranhou. “Por que está aqui, Katoa?”

O velho pirata sorriu enquanto girava suas kamas. “Há pouco para mim no Império. Prefiro morrer como herói a voltar às cortes.”

Aikune sorriu largamente. “Bem-vindo, então. Estou feliz de ter um homem como você ao meu lado.”

Rosanjin concordou. “Me arrependo profundamente que nossos clãs não tenham estado próximos em nossas gerações como no passado. Teria apreciado sua amizade, creio eu.”

“Igualmente,” respondeu Aikune.

“Prefiro encarar a guerra, na minha opinião,” observou Katoa casualmente. “Ao menos não foi chato.”
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batalha na tumba - fiction Empty Re: batalha na tumba - fiction

Post  Renato Thu Jul 17, 2008 6:00 pm

Demorou menos que vinte minutos para que os onis estivessem sobre eles novamente. Aikune fechou seu semblante ao ver que se aproximavam. Havia muito mais do que imaginavam, e os pensamentos fugazes de sobrevivência com os quais se divertiam foram banidos nesse instante. A massa rolante de dentes, garras e tentáculos investindo sobre eles lavou tal esperança tal qual uma chuva de primavera. Neste lugar, ele concluiu, havia uma estranha calma. Ele viu que Rosanjin compartilhava dela também, apesar de Katoa tê-la perdido de qualquer maneira.

“Venham!” gritou o Mantis, uma expressão feroz em sua face. “Venham para mim!”

Quando os onis chegaram, todos os três homens saltaram agilmente no ar. Eles não discutiram isso, era meramente uma manobra instintiva que todos os três guerreiros experientes fizeram sem pensar. Garras e outros apêndices racharam e partiram o chão onde os homens estavam um momento antes. Por um brilhante segundo, os três pairaram no ar, suas espadas prontas, e então caíram sobre seus inimigos, ceifando seus músculos, matando tudo dentro de seu alcance.

O combate quase certamente durou apenas poucos momentos, mas para Aikune foi como uma eternidade. Ele observou como Katoa golpeava de novo e de novo, esquivando-se de ataques mortais, um após o outro. Ele golpeava suas kamas em seus inimigos repetidas vezes, gargalhando como um louco o tempo todo. Pareceu para Aikune que ele nunca havia visto o Mantis verdadeiramente vivo até este momento. Foi como um tragicamente curto momento. Enquanto olhava, um Nairu no Oni rasgou o ombro do homem com uma de suas várias garras, caindo fora de seu alcance e mesmo quando urrava em dor, tentava destruir o demônio inimigo que o matava. Outro demônio veio para frente, um que se parecia com um ogro, só que maior. Ele segurou Katoa pela cintura e apertou. O Mantis ria, espirrando sangue de sua boca e encravando suas kamas no peito da criatura. Com a última dose de energia que possuía, Katoa trouxe a cabeça da criatura a baixo com um golpe contra a face da criatura. O sangue dos dois se tornou uma fonte de suas faces arruinadas, e ambos caíram no chão sem se mover.

Rosanjin durou um pouco mais. Aikune olhava atentamente enquanto o daimyo Dragão se movia com incrível velocidade de um alvo para outro. Como um homem de seu porte poderia se mover com tamanha graça e velocidade impressionava Aikune. A armadura do Dragão foi quebrada em segundos, deixando seu peito tatuado aberto ao ar frio enquanto matava demônio após demônio, nunca diminuindo sua velocidade apesar das dúzias de feridas que cobriam seu corpo. Talvez percebendo a ameaça que Rosanjin representava, os demônios investiam, anulando sua capacidade de se mover. Suas espadas gêmeas nunca paravam de se mover, mesmo quando seus inimigos empilhavam-se ao redor dele e começavam a massacra-lo. Sangue fluía como um rio de suas espadas, e quando Aikune finalmente o perdia de vista, era apenas por causa dos onis mortos e para morrer que se acumulavam sobre ele. Enterrando-o como uma pilha de adversários mortos.

Finalmente, apenas Aikune restava. Ele tinha sua katana flamejante em mãos, o fedor de carne de oni queimada já ardente em suas narinas. Ele sorria agora, sabendo que sua hora chegara.

É a minha hora, meu amigo, ele pensou.

Não! Não quero deixa-lo, Aikune.

Você deve. Você não pode ficar aqui. Você deve fugir. Não é seguro.

Eu os deterei! Não vou deixar que machuquem você!

Se liberar seu poder, este lugar pode ganhar um pouco de sua essência. Seu pai morreu aqui. Você é seu último desejo. Você deve agüentar.

Por favor não! O Desejo estava gritando agora. Por favor não me deixe!

“Obrigado, irmão,” disse Aikune. “Obrigado por tudo.” Ele saltou sobre seus inimigos, sua katana soltava faíscas quando desapareceu atrás de suas massas, cortando e matando com cada movimento. Meus ancestrais... Posso ouvi-los agora. Eles estão me chamando. Adeus, meu amigo.

Aikune! AIKUNE!

Não houve resposta.

EU VOU MATAR TODOS VOCÊS!

Houve um brilhante flash de luz, e o fogo consumiu tudo.





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Ao norte, os sobreviventes fugiam olhando para trás quando houve uma luz brilhante de algum lugar atrás deles. Mesmo ali eles sentiram o calor passar por eles. “Pelas Fortunas,” sussurrou Tsuruchi Etsui. “O que foi aquilo?”

“Aikune,” disse Hirohisa, curvando sua cabeça.

“Nada pode ter sobrevivido àquilo,” insistiu Etsui. “Nada.”

Benjiro se virou a eles. “Você tem certeza o bastante para arriscar sua vida? Cavalguem!”

Eles fizeram como o Caranguejo veterano mandou. A multidão cavalgou como o vento, a respiração de seus cavalos ofegava, seus flancos úmidos de transpiração. A Muralha finalmente apareceu, primeiro como uma fina linha no horizonte, então maior e maior até que se mostrasse diante de eles, uma barreira massiva prevenindo suas entradas no Império mais uma vez. “Abram os portões!” berrou Benjiro. “Abram os portões pelo amor dos Céus!”

Uma grande figura apareceu no limiar da Muralha, olhando para baixo aos abatidos sobreviventes com óbvia minúcia. “Como saberemos que vocês são quem parecem ser?” ele perguntou, sua profunda voz facilmente cruzando a distância entre eles.

“Kuon! Deixe-nos entrar ou minha irmã nunca o perdoará!”

“Este é Benjiro. Tudo bem,” sinalizou o homem gigantesco. “Abram os portões!”

Devagar, os portões se abriram e os sobreviventes se apressaram. Nenhum deles ouviu o tão suave som dos portões se fechando atrás deles, e no mínimo desmontavam e desmaiavam. Alguns entre eles choraram abertamente a perda do Imperador, enquanto outros corriam para o topo da muralha e observavam seus perseguidores distantes com ódio explícito. “Quantos seguem vocês?” perguntou Hida Kuon.

“Não sabemos,” disse Benjiro, limpando a sujeira de sua face. “Houve... Uma explosão. Não sabemos quantos sobreviveram.”

“Muitos, porém, e não será o bastante,” disse Kuon tristemente. Ele se virou para o homem atrás dele. “Você requisitou o direito de desempenhar esta tarefa, Tonoji. Seus homens estão prontos?”

O guerreiro Caranguejo vestiu o mon Imperial, também como sinal de sua posição como comandante da Legião Imperial. “Sim, Kuon-sama,” ele rugiu. “Estamos profundamente honrados.”

“Certamente,” disse Kuon. “Uma observação, você deve leva-los com você.” O Campeão do Caranguejo esticou seu polegar sobre seu ombro indicando um grande número de guerreiros do Leão pronto, espadas sacadas. “Eles chegaram a poucas horas atrás. Aparentemente Otemi os enviou para se juntarem ao seu vassalo Takuya.” Ele olhou para os sobreviventes. “Ele não parece ter sobrevivido. Estou certo de que o Leão aproveitará a chance de vingar sua morte.”

“Vingança é meu objetivo hoje,” disse Tonoji gravemente. “Se este é o objetivo deles, então que sejam bem-vindos para ficaram lado a lado à Quarta Legião.”

Kuon concordou, e o comandante se retirou para dar o sinal aos seus homens. O olhar de Kuon retornou ao horizonte sul, aonde o primeiro oni chegava ao campo de visão. “Foi um erro,” ele disse calmamente. “Como pôde a tumba valer toda essa morte, Benjiro?”

Benjiro entregou um cuidadosamente enrolado pacote para Kuon, tudo enquanto olhava Asahina Sekawa, que já estava a vislumbrar os manuscritos que o Imperador deu a ele na tumba. “Não sei,” ele admitiu. “Pode não ter valido.”

Kuon olhou para os sobreviventes também. “Quantos, você acha?” ele perguntou. “Quantos descobrirão que este ato de heroísmo desesperado, essa batalha fútil, terá custado a pureza de suas almas? Quantos acordarão em uma manhã com os primeiros sinais da Mácula corroendo seus corpos?”

Benjiro nada disse. Abaixo deles, os portões se abriam e milhares de guerreiros do Caranguejo e do Leão correram para fora, sedentos pelo sangue dos demônios.
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Post  Ari Thu Jul 17, 2008 6:55 pm

Massa Renato, ficou bem melhor assim!

E essa fiction também é muito boa, o foda é ler no pc Very Happy

Valeu!
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Post  Renato Fri Jul 18, 2008 7:55 pm

porra essa fiction eh mto fodaaa!!! Twisted Evil


go daigass
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